Memórias de um ano desafiador, narradas pelas impressões de crianças de nove e 10 anos, que serão revisitadas em 2029. Essa foi a essência do projeto desenvolvido na Escola Jardelino Ramos, de Caxias do Sul, em que os alunos do quarto ano criaram uma cápsula do tempo que será aberta cinco anos depois.
Nos 25 pergaminhos da turma, que foram enterrados na terça-feira (3), estão perfis dos estudantes, segredos confidenciados ao papel, mensagens para o futuro e relatos sobre a rotina durante o maior desastre climático que atingiu o Rio Grande do Sul.
A atividade, primeira da escola no formato colaborativo, foi idealizada pela professora Luiziane Pistorello. A ação começou em maio, tendo o cenário da chuva e enchentes como contexto. Segundo a professora, a cápsula ajudou os alunos a lidar com o momento, ao mesmo tempo em que facilitou a compreensão de que a história se constrói coletivamente.
— Ao mesmo tempo em que os alunos entendiam os conceitos de abordados na aula de história, eles tiveram espaço para falar a respeito de si e trazer notícias que consideraram importantes. A grande maioria abordou as enchentes. Esperamos que daqui a cinco anos, quando eles estiverem finalizando o Ensino Fundamental, desenterrem a cápsula e possam revisitar essa fase da vida e entender que eles também fizeram história — explica a professora.
Sob olhares ansiosos, a cápsula foi depositada no solo de uma área verde da escola. O aluno Arthur Einhardt, eleito o guardião da cápsula, foi o responsável por enterrá-la e zelar pelo projeto nos próximos cinco anos.
— Foi uma coisa muito legal de se fazer. Então, acho que vai ser fácil de lembrar dela para desenterrar. Mas, se eu me esquecer, alguém vai encontrar e tentar investigar o que tem ali e o motivo de ser colocado — explica o aluno.
Segundo a coordenação da escola, o perfil dos estudantes aponta que a maioria deve permanecer na Jardelino Ramos pelos próximos anos. Contudo, caso algum dos participantes do projeto seja transferido, a escola se compromete em contatá-lo no momento em que a cápsula for resgatada.
Apesar do longo tempo de espera, a expectativa da turma para abrir a cápsula é grande, sobretudo para que daqui cinco anos possam recordar desta fase e do protagonismo que tiveram na história da escola.