Um dos principais intelectuais do Estado, José Clemente Pozenato morreu no início da noite desta segunda-feira (25), em Caxias do Sul, aos 86 anos. Natural de São Francisco de Paula, o escritor, professor e tradutor escreveu obras emblemáticas como O Quatrilho, adaptada ao cinema com direção de Fábio Barreto e que concorreu ao Oscar de filme estrangeiro em 1996.
Recebeu o título de Cidadão Caxiense, conferido pela Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, em 1991. Em setembro de 2022, foi agraciado com a Medalha Simões Lopes Neto, que homenageia gaúchos reconhecidos por atuarem em prol da cultura e da educação no Rio Grande do Sul.
A morte é confirmada pela família. Ele estava hospitalizado no Hospital da Unimed para realizar um procedimento cardíaco e faleceu após complicações.
O velório terá início às 8h desta terça-feira (26) na sala A do Memorial São José. O sepultamento será às 16h, no Cemitério Público Municipal.
Atuação múltipla
Nas obras, Pozenato costumava explorar o cenário e as tradições da colonização italiana no Rio Grande do Sul. Em O Quatrilho, por exemplo, ele narra a saga dos imigrantes italianos no Estado. Na adaptação para o cinema, a obra teve como cenários a Casa de Pedra de Caxias e uma das réplicas nos pavilhões da Festa da Uva. Também teve locações em Antônio Prado, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa e Farroupilha.
Em O Caso do Loteamento Clandestino, O Caso do E-mail e O Caso da Caçada de Perdiz explorou o gênero policial. Em 2021, lançou a própria editora, chamada de Pozenato.
Ele também integrou a Academia Sul-Brasileira de Letras e a Academia Rio-Grandense de Letras. Na vida pública, Pozenato assumiu o Conselho Estadual de Cultura-RS e a Secretaria de Cultura de Caxias do Sul
Além de celebrado escritor, Pozenato também trilhou carreira acadêmica. É formado em Filosofia pela Faculdade Nossa Senhora da Imaculada Conceição, com mestrado em Estudos em Literatura Brasileira, pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e doutorado em Letras, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em que teve A Babilônia como tese-romance. Foi ainda professor de literatura da Universidade de Caxias do Sul (UCS), onde foi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa e Coordenador do Programa de Mestrado em Letras e Cultura Regional. Foi, também, um dos entusiastas na criação do doutorado em Letras da universidade. Também foi diretor técnico do Sapiens Centro de Educação e Cultura.