Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontou Caxias do Sul como a cidade com maior quantidade de trechos com cicatrizes de movimento de massas, ou seja, marcas de deslizamentos após a chuva que atingiu a Serra Gaúcha entre o fim de abril e início de maio. O trabalho foi realizado por professores, estudantes, técnicos e colaboradores externos em agosto e divulgado neste mês.
A análise da universidade, baseado em imagens de satélite, mapeou 18 mil quilômetros quadrados. Nessa área, foram identificadas 15.376 cicatrizes de movimentos de massa e 16.862 pontos de ruptura no solo, resultantes do acúmulo de chuva.
Os resultados indicam que Caxias teve 656 cicatrizes de movimentos de massa mapeados. Em segundo lugar, está Veranópolis, com 363 cicatrizes. Outras 148 cidades gaúchas foram atingidas por deslizamentos de terra e mais de 10 mil propriedades foram afetadas.
Santa Tereza é apontada pela análise como a cidade com maior densidade de cicatrizes de movimentos de massa mapeados. O município de Pinto Bandeira aparece em terceiro lugar nessa avaliação.
Entre os 20 municípios com maior área do terreno atingida por deslizamentos mapeados, Veranópolis figura em primeiro lugar, seguida por Bento Gonçalves, Cotiporã e Caxias do Sul.
Conforme o professor do Instituto de Geociências da UFRGS, Clóvis Andrades-Filho, a chuva entre o fim de abril e início de maio se concentrou na região nordeste do Estado, onde o relevo é predominantemente acidentado.
— Por conta dos efeitos desse evento extremo, a movimentação de massa mais expressiva aconteceu nas encostas dos vales em 30 de abril e 1º e 2 de maio, predominando os movimentos dos tipos deslizamentos, fluxos de detritos, queda de blocos e rastejo do solo – explica.
O estudo também indica medidas de adaptação que podem ser adotadas pelos municípios atingidos. Entre as ações estão contenção e drenagem em lavouras; zoneamento das áreas de maior risco; adoção de medidas de uso restrito do solo; proteção ambiental; formação local sobre risco geológico e adaptações; e aperfeiçoamento de sistemas de alertas.
De acordo com o professor, as movimentações de massa observadas no Rio Grande do Sul representam o maior movimento já registrado no Brasil. Em comparação com outro evento de grande magnitude, Andrades-Filho cita as enchentes e deslizamentos que ocorreram no Rio de Janeiro, em 2011. No episódio, foram observadas cerca de 4,3 mil cicatrizes de movimentos de massa.
Quantidade de cicatrizes de movimentos de massas mapeados pela UFRGS em cidades da Serra:
- 1º Caxias do Sul - 656
- 2º Veranópolis - 636
- 4º Bento Gonçalves - 516
- 9º Cotiporã - 403
- 11º Nova Petrópolis - 357
- 15º Pinto Bandeira - 292
- 19° Antônio Prado - 279
- 20º Santa Tereza - 271
- 21º Nova Roma do Sul - 255
- 22º Flores da Cunha - 238
- 25º Gramado - 215
- 28º Canela - 198
- 29º Guaporé - 192
- 36º São Francisco de Paula - 144
- 39º Farroupilha - 139
- 48º São Valentim do Sul - 104
- 54º Carlos Barbosa - 90
- 55º Coronel Pilar - 89
- 58º Fagundes Varela - 79