Santa Tereza é o único município da Serra que será beneficiado com o A Casa é Sua - Calamidade, programa da Secretaria Estadual de Habitação e Regularização Fundiária (Sehab) que vai construir casas para famílias que perderam tudo na enchente de maio.
Conforme previsão do governo do RS, serão investidos, na primeira etapa, R$ 56,4 milhões para a construção de 300 casas. Além de Santa Tereza, vão receber residências famílias de Cruzeiro do Sul (40), Encantado (30), Estrela (40), Lajeado (35), Muçum (56), Roca Sales (35), e Venâncio Aires (40).
Na Serra, o canteiro de obras no Loteamento Popular Stringhini II, espaço que vai receber as 24 casas, começa a se instalar nesta quarta-feira (4) pela empresa contratada pelo governo, a KMB Construtora e Incorporadora, de Gravataí.
Conforme a prefeita Gisele Caumo, seis dos 24 terrenos estão prontos, com água e luz instalados. Os demais devem ficar prontos até o final da semana. A empresa tem 120 dias para entregar as residências prontas, segundo a assessoria da Sehab. Gisele destaca que cada casa custará ao Estado cerca de R$ 130 mil.
A prefeitura de Santa Tereza é responsável pela preparação do terreno (saneamento básico e iluminação) e o Estado fica com a construção das residências. A área do loteamento tem 5.197m² e fica na entrada da cidade.
O programa A Casa é Sua - Calamidade prevê a construção de habitações definitivas com 44 m² de área, divididas em dois dormitórios, sala e cozinha conjugadas, um banheiro e área de serviço externa. Elas serão construídas com painéis de parede de concreto pré-moldado.
Gisele explica que as 24 famílias contempladas com as casas do governo do RS, que estão morando na casa de parentes ou ficaram nas zonas de risco, mesmo alertadas dos perigos, sempre moraram na cidade. Para receberem as residências, elas precisaram se enquadrar em alguns critérios, como comprovar vulnerabilidade social, ter renda familiar de até 4,5 salários mínimos, residir no município há 10 anos e não ter recebido outros benefícios do governo.
Uma das famílias contempladas com uma das residências é a da Lourdes Gelatti Fitarelli, 86 anos. Segundo a filha da idosa, Roseli, a casa da mãe, que ficava no centro de Santa Tereza, próximo a um campo de futebol, foi levada pela enxurrada de setembro. Lourdes ficou somente com a roupa do corpo.
— Quando o rio estava enchendo e subindo, fomos para a casa de uma vizinha, que era na frente da nossa. A gente foi pro segundo piso e a água chegou quase lá. Dos 12 degraus que subimos, só dois ficaram sem água. Nós fomos resgatados pelos bombeiros. naquele dia.
Roseli, que também residia em Santa Tereza, se mudou para Bento Gonçalves e Lourdes morou com ela na cidade vizinha por cinco meses. Depois disso, voltou pra Santa Tereza para morar na casa de outro familiar.
O terreno onde ficava a casa de Lourdes que foi levada, hoje é considerado área de risco, ou seja, a família não vai mais poder construir ali. A idosa, segundo a filha, vai morar sozinha na nova casa.