A presença de urubus no céu de Caxias do Sul e outras cidades da Serra tem chamado a atenção nos últimos dias. Embora algumas crendices populares liguem a ave a supostos sinais de mau presságio, não há motivo para preocupação: a movimentação da espécie nesta época do ano é normal e está atrelada ao período de reprodução, segundo especialistas.
Conforme o professor do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Gabriel Guerreiro Fiamenghi, o ciclo reprodutivo da espécie Coragyps atratus ocorre na primavera, estação que começa no domingo (22).
Na natureza, a preferência do animal é por instalar o ninho em áreas mais altas, como penhascos e ribanceiras. Assim, no ambiente urbano, os urubus tendem a buscar por prédios e outros tipos de edificações para criar os filhotes. Por isso, não é raro observar a ave próxima de apartamentos.
— A orientação é que se use telas ou outras barreiras físicas para evitar que estes animais se aproximem e acabem dos apartamentos fazendo a nidificação (construção do ninho) — orienta Fiamenghi.
Outra recomendação é de que moradores não façam a retirada ou realocação de ninhos, pois é contra a lei manuseá-los. Além disso, mexer no ninho pode gerar reações de proteção na ave. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, a fêmea põe cerca de dois ovos por ninhada. A incubação dura de 32 a 39 dias. O primeiro voo da espécie ocorre por volta das 11 semanas de vida.
Fiamenghi ainda ressalta que o urubu cumpre um papel importante na natureza por ser detritívoro (que se alimenta de restos orgânicos):
— Eles consomem os resíduos que poderiam fazer mal a outras espécies ou que poderiam perpetuar doenças no ambiente. Os urubus fazem essa espécie de limpeza. São animais muito importantes na manutenção do ciclo de vida — conclui.