Cerca de dois meses e meio após um Virtus branco, com placas da Argentina, ter sido encontrado no Rio da Prata, a Polícia Civil de Veranópolis encerrou as investigações sobre a ligação entre o carro e o argentino Osvaldo Bonfantino, 72 anos.
O caso começou a ser apurado em 28 de maio. Na data, a Brigada Militar de Vila Flores recebeu a informação que Bonfantino havia desaparecido e o último sinal de GPS dele apontava para a ponte na RS-437, sobre o Rio da Prata, em Vila Flores. A partir disso, um inquérito foi aberto pela Polícia Civil de Veranópolis.
O término do inquérito foi confirmado pelo delegado Tiago Baldin. Conforme ele, a decisão foi baseada na falta de cooperação da polícia argentina. Ainda em maio, a Polícia Civil de Veranópolis solicitou compartilhamento de dados com o polícia do país vizinho.
A intenção era obter mais informações sobre o carro, que foi roubado em um assalto à mão armada na Argentina, e sobre Bonfantino, que supostamente estava conduzindo o veículo quando ele caiu no Rio da Prata, em Vila Fores. Ainda, a polícia veranense também pediu informações sobre o depoimento do suposto sobrinho. No entanto, não houve retorno.
— Nós solicitamos compartilhamento de dados dos procedimentos investigativos da polícia argentina, especialmente da prefeitura de São Tomé, Buenos Aires. Solicitamos que eles nos passassem tudo o que tinham a respeito do cidadão e do veículo. A resposta veio negativa. Segundo eles, estão proibidos por uma lei, tipo a LGDP, de enviar informações. Essa solicitação precisa ser feita via Ministério Público Federal — detalha o delegado.
Antes de encerrar o inquérito, Baldin tentou buscar suporte com o consulado argentino em Porto Alegre, que também negou as informações. Diante disso, o delegado optou por encerrar o inquérito.
Nessa semana, os documentos da investigação serão remetidos ao Poder Judiciário de Veranópolis. O delegado levará como sugestão buscar a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para dar encaminhamento ao caso. No entanto, o Poder Judiciário decidirá se aciona ou não os órgãos federais.
— O que temos aqui é um carro encontrado com os documentos desse cidadão argentino. Eu não tenho uma ocorrência de desaparecimento, nem na Argentina tem boletim de desaparecimento. Ao menos não nos foi passado. Nós poderíamos ter um crime de receptação, em razão do veículo ser roubado, mas ninguém reclamou o carro. Ainda assim, tem uma barreira jurídica, um embate que poderia levar anos para se desenrolar — explica.
O paradeiro de Bonfantino segue um mistério. Entre 4 e 9 de junho, o Corpo de Bombeiros de Veranópolis realizou buscas pelo homem, todas sem sucesso. Segundo o delegado Baldin, não há registro de desaparecimento do idoso no país vizinho. A única indicação de que ele teria sumido é o depoimento do suposto sobrinho à Brigada Militar de Vila Flores.
Relembre o caso:
- A Brigada Militar de Vila Flores foi contatada no dia 28 de maio por um suposto sobrinho de Bonfantino. O homem informou que o GPS do tio parou de emitir sinal, indicando a ponte sobre o Rio da Prata, na RS-437, como último local em que ele esteve.
- Oito dias depois, em 5 de junho, o carro que Bofantino supostamente dirigia, um Virtus branco com placas da Argentina, foi retirado do rio. Dentro do veículo foram encontrados documentos que confirmam a identidade dele.
- A partir da placa do carro, a Polícia Civil de Veranópolis conseguiu apurar com a polícia argentina que o Virtus havia sido roubado, em um assalto à mão armada, no dia 27 de maio.
- O delegado Tiago Baldin, confirmou que não há boletim de ocorrência relatando o desaparecimento de Bonfantino no país vizinho. Ainda, o delegado afirmou que não há registros da entrada do argentino no Brasil.
- O sobrinho deverá prestar depoimento à polícia argentina a pedido da polícia civil veranense. As forças de segurança atuam em colaboração para investigar a conexão de Bonfantino com o carro roubado.