O Sindipetro Serra, que representa os postos de combustíveis da serra gaúcha, pede que somente os motoristas que realmente precisem abasteçam os veículos nesta quinta-feira (2). Desde a última quarta-feira (1), revendas de Caxias do Sul registram filas de consumidores querendo garantir o combustível. O reabastecimento dos estoques está suspenso devido ao bloqueio de diversas rodovias do Estado.
De acordo com o presidente do Sindipetro, Vilson Pioner, além das dificuldades de transporte do combustível da Refinaria Alberto Pasqualini, na Região Metropolitana de Porto Alegre, insumos como etanol e biodiesel, vindos do centro do país, não estão chegando ao Estado.
— A situação é bem mais grave do que parece. Quem não precisa, evite abastecer para deixar para os veículos de emergência — pede Pioner.
De acordo com o presidente do sindicato, diante da grande procura, a estimativa é de que cerca de 30% dos postos de Caxias do Sul fiquem sem combustível já nesta quinta-feira. Por conta disso, algumas revendas já limitam a oferta a 20 litros por cliente.
— Nos meus postos devo limitar para tentar manter o estoque pelo menos até domingo — relata Pioner.
Em uma revenda no centro de Caxias, os estoques já estavam limitados pouco depois das 8h desta quinta-feira. Conforme o gerente da unidade, que não quis se identificar, o último carregamento de combustível chegou às 20h de quarta e, caso o movimento se mantenha, o estoque deve durar até o meio-dia.
— Estamos limitando para deixar para o Samae, prefeitura, bombeiros… — exemplifica o gerente.
Em outro posto, no bairro Kayser, o último carregamento chegou na terça-feira (30). Conforme o gerente Ricardo Caffi, a procura se intensificou na quarta-feira e o estoque deve terminar nesta quinta, sem previsão de reposição.
— Se continuar assim, vai até o meio-dia — afirma.
Quem corre para as filas de postos toma essa decisão pelo temor do impacto que a chuva ainda vai causar na região. Assustada com a situação e com as filas nos postos, Josiane Magnus, 44 anos, encarou 37 minutos de espera até conseguir chegar na bomba.
— Eu já teria que abastecer, mas vi as filas e me apavorei — relata a massoterapeuta, que optou por também por abastecer mais do que tinha previsto.
Já o estudante Matheus Klein, 25, resolveu ir ao posto após perceber que a procura havia aumentado.
— Ontem, em grupos de Facebook e WhatsApp, vi que muita gente já estava vindo abastecer o carro, então vim pelo menos garantir um pouquinho pra ficar até domingo — afirma.
A farmacêutica Larissa Lopes, 28, também se planejava para abastecer, mas sentiu mais urgência em enfrentar entre 20 minutos e 30 minutos de fila.
— Vi que a procura estava grande e também já tínhamos programado para abastecer. Até porque também vimos as notícias ontem.
Estoques garantidos nos supermercados
O Sindigêneros, sindicato que representa os supermercados, segue a linha do Sindipetro e pede que a população evite o consumo sem necessidade. De acordo com o presidente da entidade, Volnei Basso, todos os estabelecimentos trabalham com estoques reguladores de 15 a 20 dias e podem garantir o abastecimento da cidade.
— Não vemos problemas ainda. Sentimos algumas coisas nos perecíveis, apenas. Pode faltar um produto ou outro, mas temos outros para substituir — garante ele.
Ainda segundo Basso, não foi possível avaliar se houve mudança na demanda porque as quintas-feiras costumam ser de grande movimento e não houve expediente nesta quarta-feira.
A rede Andreazza comunicou, por meio da assessoria de imprensa, que não há movimento anormal nos supermercados e que a empresa trabalha com estoques que garantem 30 dias de abastecimento em todas as lojas, mesmo com grande movimento. A reportagem também entrou em contato com a grupo Zaffari e aguardava retorno até as 12h40min.
Alerta do Procon
O Procon de Caxias emitiu alerta na manhã desta quinta para possíveis aumentos injustificados de preços na cidade. A recomendação é de que o consumidores observem os valores de itens como produto de limpeza e de higiene, água mineral, colchões, itens de cesta básica e combustíveis.
Caso seja necessário, estabelecimentos são autorizados a limitar a quantidade de produtos por cliente, com o objetivo de assegurar a distribuição ao maior número de pessoas. O coordenador do órgão, Jair Zauza, também orienta que a população economize produtos que estão em falta e não paguem preços abusivos e que estabelecimentos onde eventualmente se constate a prática serão autuados.
— Peço o bom senso de todos, consumidores e fornecedores, para evitar que alguém resolva ganhar em cima dessa calamidade que assola o Estado e os consumidores caxienses — observa.