A encosta com risco de queda no km 158 da RS-453 (Rota do Sol), no distrito de Vila Seca, em Caxias, não apresentou movimentação nas últimas 24 horas. A constatação é da equipe de consultoria geotécnica contratada pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) para auxiliar no encaminhamento da situação. Os especialistas, contudo, seguem monitorando o terreno, especialmente na parte superior, onde os sinais de ruptura são mais visíveis.
A situação inalterada permitiu aos profissionais do Samae iniciar nesta sexta-feira (17) a implantação de uma bifurcação na adutora principal do sistema Marrecas. Deslizamento anteriores no terreno, registrados desde o dia 1º de maio, já exigiram três consertos e impactaram o abastecimento de cerca de 27% da população de Caxias. O abastecimento já foi normalizado. Com o novo encanamento, em caso a adutora principal sofra mais um rompimento, será possível manter o abastecimento do sistema. A bifurcação passará por baixo da Rota do Sol, terá diâmetro de 60 centímetros e evitará novas interrupções caso ocorra novos deslizamentos. A adutora principal do Marrecas tem um metro de diâmetro.
Além da implantação da nova rede, técnicos também seguem adotando medidas para tentar conter novas movimentações do terreno e reduzir o risco do material ceder. O próprio Samae também está implantando uma rede de monitoramento em tempo real para ter um acompanhamento mais preciso da situação.
— Vamos seguir fazendo trabalho de limpeza da drenagem, seja a parte de cima, para evitar que a água venha para cima do talude, seja na parte de baixo, junto à rodovia. E também toda a parte de configuração do talude, com maquinário e material. Isso depende do tempo e da disponibilidade de materiais pra fazer a obra. Em quaisquer indícios de movimentos maiores acionamos os órgãos competentes, cada um na sua esfera, para que tomem a medida correta dentro de um plano de contingência que cada um dos órgãos já tem estruturado — explica Elton Boldo, diretor da Garden Engenharia, a consultoria contratada pelo Samae.
Dentro das medidas de contingência, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) pode interditar totalmente o trânsito na Rota do Sol caso se detecte novas movimentações no terreno. Em avaliação na tarde desta sexta, técnicos do órgão decidiram manter a rodovia aberta.
Casas interditadas e novas obras
A instabilidade da encosta também obrigou a interdição de duas casas que ficam no topo do terreno. Uma delas, inclusive, já está em processo de queda porque fica alinhada às rachaduras do terreno. A segunda casa está no centro da área que pode desmoronar.
De acordo com Elton Boldo, apenas uma das residências serve de moradia permanente e a família foi acomodada na casa de familiares que moram nas proximidades. A Fundação de Assistência Social (FAS) de Caxias do Sul disse que ofereceu acolhimento no abrigo do Sesi, mas a família optou por permanecer na casa de parentes. Já o segundo imóvel não é a residência principal dos proprietários, que foram orientados a não ir até o local.
Diante da situação da encosta, o Samae também pretende transferir a adutora principal do Marrecas para o lado oposto da rodovia. A tubulação já foi encomendada e deve ser entregue em cerca de 20 dias. O trabalho de implantação tem duração estimada de três a quatro meses. Em até um ano e meio o Samae pretende ainda interligar todos os sistemas de abastecimento do município. Atualmente, a conexão entre as redes é parcial.