Máquinas paradas no interior e equipes de segurança em alerta. O prognóstico dado pelo prefeito Adiló Didomenico para o final de semana é reflexo do retorno da chuva em grandes volumes para Caxias do Sul. O anúncio de interrupção dos trabalhos fora da área urbana foi feito na noite da sexta-feira (10), em uma coletiva de imprensa que aconteceu no Centro Integrado de Operações (CIOp) de Caxias do Sul.
Segundo o prefeito, não há viabilidade para seguir com os trabalhos de liberação de vias do interior do municipio devido ao grande risco de deslizamentos. Além do maquinário e profissionais da prefeitura, um grupo de empresários da cidade disponibilizou máquinas e colaboradores para auxiliar no trabalho de desobstrução das estradas. Eles também interromperão as atividades no sábado (11) e domingo (12).
Atuando em conjunto desde semana passada, o grupo tem focado a atuação em vias consideradas de escoamento de produção. Segundo o representante dos empresários, Guilherme Sartor, a iniciativa soma esforços às ações da prefeitura.
— Nós, das urbanizadoras e empresas de terraplanagem, estamos fazendo a cedência do nosso maquinário e da mão de obra, com operadores, engenheiros, topógrafos, para auxiliar a liberar o mais rápido possível as vias de acesso e escoamento da cidade. Sabemos que só a prefeitura não consegue dar conta de tamanha demanda, porque esses acontecimentos têm uma dimensão gigantesca – explica.
Conforme Sartor, todas as intervenções realizadas pelo grupo contam com a coordenação da Secretaria Municipal de Obras, do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer), e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Antes de qualquer intervenção acontecer, as equipes de engenharia, em conjunto com a prefeitura, avaliam a possibilidade de retirar as barreiras e, sobretudo, a segurança do espaço.
As frentes de trabalho estão dispersas por vários pontos da cidade. Há maquinário do grupo atuando em Santa Lúcia do Piaí, em Vila Oliva, em Caravaggio da 6ª Légua e na Rota do Sol, entre outros locais.
— A prefeitura fez a desobstrução da Estrada do Vinho e nós estamos ali no Sebastopol tentando limpar o acesso secundário para a Serra, porque a nossa intenção justamente é mapear onde está mais fácil da gente criar vias de escoamento e de chegada de mantimentos e escoamento da produção.
Para manter as atividades diariamente, Sartor estima um gasto de 5 mil a 8 mil litros de diesel, equivalente a cerca de R$ 60 mil reais. Para isso, o grupo organizou junto à Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, uma campanha para arrecadar doações e abastecer o maquinário. As contribuições podem ser feitas pela chave Pix doe@superacaoserra.com.br ou pelo código QR disponível nas redes sociais da CIC Caxias.
— As contribuições são muito importantes, porque a gente não tem capacidade de estar suportando esse gasto sozinhos e vamos auxiliar por muito tempo. Desobstruir as vias não é um trabalho fácil e nem rápido, por isso contamos com o apoio da comunidade.
Galópolis segue em alerta com possíveis deslizamentos
O geólogo da prefeitura, Caio Torques, também presente na reunião, atualizou a situação de Galópois, que segundo ele, permanece com cautela máxima.
— Começamos a iniciar algumas atividades para estabilizar a encosta ali do morro, que estava isolado. Foram removidas algumas árvores grandes, criamos alguns patamares até onde o tempo permitiu trabalhar. Mas, ao menos, conseguirmos reduzir um pouco o cone de uma possível ruptura daquele material — detalha.
Segundo Torques, a população deve permanecer em alerta já que essa não é o única área que apresenta risco de queda de blocos, árvores ou enxurradas. A densidade populacional do local e a configuração geográfica, em formato de vale, aumentam o risco em caso de deslizamentos.