Foi difícil encontrar espaço para entrar na Catedral Santa Teresa, no centro de Caxias do Sul, na celebração que antecedeu a procissão com o Cristo Morto, realizada na tarde desta sexta-feira (29). Por volta das 15h, milhares de pessoas se reuniram na igreja em preparação para o caminho a ser percorrido por algumas das principais ruas da cidade. Ao todo, a organização informou que 10 mil devotos participaram do ato religioso.
Conduzidos pelo bispo dom José Gislon, que comandou os trabalhos da procissão, os fiéis se juntaram aos demais que tomaram a Praça Dante Alighieri e aguardavam para se somar à caminhada. À frente do cortejo, a imagem de Cristo foi carregada por voluntários. O percurso passou pela Dr. Montaury, Avenida Júlio de Castilhos e Do Guia Lopes, até alcançar a Rua Sinimbu, quando a multidão retornou em direção à Catedral.
Ao longo do caminho, outras quatro paróquias ingressaram na procissão, aumentando o público, que caminhou por cerca de uma hora até o encerramento, quando dom José Gislon realizou a homília. Na pregação, o bispo ressaltou que a Sexta-feira da Paixão é o dia do luto em toda a Igreja, mas que o sentido é de vivenciar a morte de Cristo na vitória da vida sobre a morte.
— Não existe uma situação onde não entre a cruz, que liberta e salva. Como cristãos, não pedimos para que Ele desça da cruz, mas deveríamos pedir ao Senhor para termos a força de permanecer com Ele. Na cruz, temos a manifestação de quem é Jesus. Diante do crucificado, devemos olhar de frente a nossa cruz, iluminada por aquela de Jesus. Queremos pedir ao Senhor crucificado que suba em nossa cruz e nos dê de beber a água do seu Espírito, que nos ajuda a semear a paz, a construir a paz — aponta dom Gislon.
Na sequência dos eventos ligados à Semana Santa, a Catedral Diocesana recebe a Missa da Vigília Pascal, no sábado (30), às 19h, quando ocorre a bênção da água e do fogo novo. No domingo de Páscoa, as celebrações estão programadas para 9h, 11h e 19h.
Família por uma bênção
Com 91 anos de idade, a caxiense Therezina Andrighetti faz questão de não faltar à procissão na catedral Santa Teresa. E a tradição já dura 40 anos, sempre em família. Na edição de 2024, as filhas Maria da Glória, 71, Vera, 69, e Salete, 57, foram as companhias. Mesmo sem poder fazer o percurso a pé, ela marca presença, acomodada em um dos bancos da praça Dante Alighieri.
— Eu moro aqui no centro mesmo, e gosto de vir sempre. As pernas não deixam mais caminhar tanto, mas eu venho mesmo assim — garante Therezina.
Neste ano, a oração de mãe e filhas é também pela saúde de outro membro da família.
— Nós agradecemos e pedimos, e desta vez é pela saúde de uma outra irmã nossa, além das pernas da mãe que não estão bem — aponta Maria da Glória.
Mãe e filha juntas na fé
Concentradas e rezando enquanto aguardavam o início da procissão, Eva das Chagas, 49, e a filha Kettelin, 15, agradeciam pelos pedidos atendidos. Vindas do município de Barra da Guarita, na divisa com Santa Catarina, vivem em Caxias do Sul há dois anos. Na cidade natal, de acordo com Eva, a família era engajada nas atividades da igreja, e sempre foi presença confirmada na organização das procissões. O objetivo, com o tempo, é fazer o mesmo por aqui.
— Nós sempre fomos muito envolvidos na comunidade e gostamos de ajudar. Aqui, ainda estamos conhecendo as pessoas, mas faço questão de vir. A fé é bem grande — cita Eva.
Crença repetida por Kettelin, que acompanha a mãe por vontade, e não apenas para fazer companhia.
— Eu venho porque faz sentido para mim. Agradeço os pedidos alcançados e pedimos por novos — revela a jovem.