A epidemia de dengue decretada no Rio Grande do Sul chama a atenção da população para a prevenção contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Uma das medidas trouxe um aumento em vendas nas farmácias de Caxias do Sul. De acordo com três redes consultadas pela reportagem, a procura por repelentes está maior em comparação com o mesmo período do ano passado. O município segue, assim, a tendência estadual. Além da procura pelo produto, os consumidores devem atentar-se a orientações sobre uso.
Conforme a assessoria de imprensa da rede São João, o aumento da procura em janeiro chegou a 98% em Caxias - da mesma forma que no Estado. Já a assessoria da Panvel afirma que a venda tem alta de 45% em toda a rede. Por fim, a comunicação da Droga Raia explica que não tem um número regional, mas que registrou uma alta de 450% entre janeiro do ano passado e janeiro de 2024.
Atualmente, três substâncias para repelentes que são eficazes contra o Aedes aegypti são liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): Icaridina, IR3535 e DEET. Os repelentes podem ser encontrados em gel, spray e creme.
Como explica a doutora em Ciências Farmacêuticas e professora do curso de Farmácia da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Valéria Weiss Angeli, os produtos autorizados pela agência passam por testes de segurança, para evitar efeitos colaterais como irritação na pele.
A farmacêutica explica que as substâncias do produto agem para alterar a percepção olfativa do mosquito. Há repelentes com diferentes substâncias, sendo que cada uma tem um nível de toxicidade. Por isso, o repelente deve ser utilizado em situações específicas.
— Não é muito legal o uso contínuo. Se é preciso utilizar sempre, talvez a pessoa necessite usar outras medidas que também são importantes. O uso do repelente não isenta outras medidas preventivas — observa Valéria, que sugere o uso de barreira física, como roupas adequadas, para ampliar a proteção.
Dicas de uso
Na hora da compra, a farmacêutica sugere que o consumidor sempre leia o rótulo para saber quem pode utilizar o repelente - em caso de dúvidas, o farmacêutico deve ser consultado. Como explica a doutora, os repelentes são regrados pela resolução RDC nº 19 de 2013, em que são definidos como cosméticos.
Dentro das diretrizes, os rótulos devem indicar se o repelente pode ser aplicado em crianças, especialmente nas menores de dois anos, até quantas vezes ao dia pode ser espalhado e por quantas horas dura a proteção. Para a aplicação, Valéria lembra de alguns cuidados. No modelo em spray, o consumidor não deve aplicar o jato no rosto para não atingir olhos e nem inspirar o produto. O melhor, nesse caso, é aplicar na mão e espalhar no rosto. Já em crianças, a especialista indica que o produto não seja aplicado nas mãos, para evitar que as coloque na boca.
No verão, quando aumenta a necessidade de aplicar o protetor solar, a especialista recomenda que o filtro solar seja colocado antes, e depois se use repelente em spray.
— Recomendaria o seguinte: passar o repelente em spray sobre o protetor. Se tu for passar outro creme, aí tu vai estar misturando. Mas, o melhor é passar e sempre esperar. Passa o protetor, espera pelo menos uns 30 minutos, e depois passa o repelente — orienta.
Fique atento:
- Leia o rótulo e observe a indicação de que público pode usar o produto
- Há repelentes específicos para crianças até dois anos e gestantes
- O uso contínuo deve ser evitado
- O repelente em spray não pode ser aplicado diretamente no rosto, ele deve ser passado na mão e aplicado na face
- Não é recomendado aplicar o repelente nas mãos das crianças