Quatro funcionários da empresa G. Paniz registraram boletim de ocorrência no final da manhã desta quinta-feira (11) contra o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Caxias do Sul, Assis Melo. No documento, o sindicalista é acusado de agressão durante tumulto que ocorreu na dentro da metalúrgica na manhã de quarta (10) . Vídeos divulgados nas redes sociais mostram Melo, membros da entidade e empregados da G. Paniz em confusão no parque de máquinas da empresa (confira acima). O caso fica sob responsabilidade da Polícia Civil.
De acordo com o registro da ocorrência desta quinta-feira, o tumulto foi motivado por uma demissão. Os trabalhadores descrevem que Assis Melo e outros membros do sindicato teriam organizado uma mobilização por volta de 6h30min em frente à empresa. Depois, por volta de 9h45min, o presidente da entidade e outros sindicalistas entraram no parque fabril e teriam desligado as máquinas.
O ato teria gerado o conflito entre os sindicalistas e os funcionários. Os quatro trabalhadores acusam Assis Melo e outros membros do sindicato de agressão. Após o registro do boletim de ocorrência, eles foram encaminhados para o exame de corpo de delito.
Assis Melo manifesta-se em vídeo
Em um vídeo publicado pelo Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, o presidente da entidade, Assis Melo, explica por que estava na empresa, afirma que não houve por parte do sindicato tentativa de agressão, mas admite que houve tumulto no local.
— Não houve por parte do sindicato a tentativa de agressão a ninguém, tanto que depois de toda a discussão foi constituída uma possibilidade de conversa — afirma Assis, no vídeo (veja acima).
O sindicato, segundo Assis, ainda na tarde de quarta teve uma conversa com a empresa e apresentou reivindicações em relação a questões trabalhistas. Mas, ambos não entraram em acordo e novas negociações devem ser feitas. A principal reclamação dos sindicalistas tem relação com a demissão de um funcionário que integra o sindicato e com as eleições da CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio.
Na manhã de quinta-feira, Assis disse que a entidade iria se ater às questões trabalhistas do caso. À tarde, o presidente do sindicato foi procurado pela reportagem, para se manifestar após o registro do boletim de ocorrência contra ele, mas não deu retorno até a publicação desta matéria.
Simecs prestará apoio necessário à empresa
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), Ubiratã Rezler, afirma que a entidade está à disposição para prestar o apoio necessário para a G. Paniz.
— Sobre o apoio aos trabalhadores, não temos nenhuma relação direta com os trabalhadores, nosso foco é a relação com a empresa. Acredito que a empresa vai suportar os trabalhadores no que for preciso também. Mas o Simecs está à disposição para discutir qualquer coisa — explica Rezler.
O presidente do Simecs também lamenta o episódio. Rezler espera que o ocorrido não atrapalhe as negociações do dissídio salarial em 2024, que devem começar nos próximos meses.
— Nós temos um relacionamento entre sindicatos saudável, onde nós temos nossas trocas, as nossas divergências e trabalhamos sempre em prol do entendimento. A gente fica temeroso com esse tipo de ação, nós vamos em breve iniciar um trabalho nos próximos meses para negociação coletiva 2024. Nós esperamos que esse tipo de atitude não se repita em nenhum momento — destaca.
Na tarde de quinta-feira, a empresa publicou um vídeo com pronunciamento de Gilmar Paniz, proprietário da empresa, acompanhado pelo deputado federal Maurício Marcon (Podemos), feita dentro da metalúrgica. O proprietário se dirige aos funcionários, agradece o apoio e pede desculpas pela confusão.
— Eu me senti envergonhado. Então, eu quero pedir desculpas a vocês, eu quero pedir perdão a vocês. A empresa não apoia isso, eu nunca apoiei esse tipo de situação e eu tenho certeza de que vocês também não apoiam — disse, na gravação.
Na manhã desta sexta-feira (12), Gilmar Paniz, falou sobre ocorrido quarta-feira na sua empresa. Ele afirma que o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, Assis Melo, invadiu a metalúrgica e isso gerou desentendimento e agressões dentro do local. Paniz afirma que vai tomar medidas jurídicas, mas não detalha o que vai buscar na Justiça.
Segundo ele, na quarta, um grupo de sindicalistas esteve na empresa de manhã cedo e impediu a entrada dos funcionários. Só pararam, de acordo com Paniz, quando a polícia chegou e liberou a porta. Nisso, alguns integrantes do sindicato entraram no pátio da empresa e ficaram sentados próximo da guarita até a chegada de Melo:
— Quando ele chegou, chegou invadindo a empresa, e aí os demais integrantes do sindicato foram junto com ele.
O empresário rebateu as afirmações feitas pelo presidente do Sindicato em vídeo divulgado nas redes sociais. Nas imagens, Assis fala em supostas denúncias de assédio moral e sexual contra a G. Paniz:
— São 250 funcionários na empresa, tem mais de 60 mulheres, elas trabalham ao lado de homens. Mas para a direção nunca chegou denúncia, nada. Pode estar acontecendo, pode não estar, não sei, mas nós nunca fomos informados pelos funcionários.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o Simecs e a Câmara de Indústria, Comércio e Serviço (CIC) condenaram os atos de violência e se manifestaram por notas.