Eram 16h50min desta terça-feira (30) quando a balsa que fará o trajeto entre os municípios de Santa Tereza e São Valentim do Sul atracou às margens do Rio Taquari, na localidade de Santa Bárbara. Com 35 metros de extensão e 13 metros de largura, a embarcação saiu de São Jerônimo no dia 9 de janeiro, percorreu 190 quilômetros e passou por 13 cidades para chegar ao destino. O equipamento possibilita o retorno do acesso das cidades pela RS-431.
Uma viagem marcada por desafios que acarretaram em um atraso de pelo menos duas semanas. Trechos com chamados “tombos d’água”, que são pequenas cachoeiras, forte correnteza e nível baixo do rio ao longo do percurso foram alguns dos enfrentamentos da equipe que conduziu a balsa rio acima.
Celso Heberle, proprietário da empresa Lacel Construção e Apoio Naval, responsável pela embarcação, comemora a aventura bem-sucedida encerrada com final feliz em Santa Tereza.
— Esta viagem foi uma vitória. Com muitas dificuldades, mas muito êxito. Não tivemos nenhum acidente com o equipamento ou a equipe. Foi histórico, digno de livro dos recordes. Nunca uma embarcação deste porte percorreu um percurso deste tamanho — acredita Heberle.
Apesar da alegria com a chegada, os moradores da região precisarão aguardar para retomar a travessia, interrompida desde setembro, quando a ponte que ligava os municípios foi derrubada pela enchente que devastou as comunidades lindeiras. Uma vez atracada, a balsa ainda passará pela vistoria de uma empresa certificada pela Marinha do Brasil para averiguar as adequações necessárias para colocá-la em funcionamento. O processo deve levar até sete dias. Quando operar, comportará uma média de 30 veículos de passeio. Em peso, poderá carregar aproximadamente 250 toneladas.
Comunidade ansiosa pela travessia
Entre as dezenas de pessoas que aguardavam a chegada da balsa, uma das mais ansiosas era a prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo. Apesar de entender o caráter emergencial da balsa, ela ressalta a importância do retorno da travessia.
— Foram mais de 20 dias de angústia, não somente para Santa Tereza e São Valentim do Sul, mas para toda uma região. Mesmo que seja uma solução paliativa, precisa ser retomada, principalmente pela safra da uva que está em andamento, e acaba afetada — salienta a prefeita.
Conforme Gisele, todos os prefeitos dos municípios impactados pela falta da ponte estão cobrando do governo estadual agilidade na prospecção da nova estrutura, que ainda será reconstruída.
— O projeto da ponte e o processo licitatório precisam sair do papel — encerra.
A prefeitura de Santa Tereza investiu cerca de R$ 300 mil em obras no acesso ao local onde a balsa funcionará. Pelo lado de São Valentim, o investimento foi R$ 400 mil.
Mais uma travessia para o recomeço
Sem esquecer da catástrofe que atingiu a região em setembro do ano passado, os moradores eram só sorrisos enquanto imaginavam o tamanho da balsa e a travessia que será possível para ajudar no recomeço das localidades. Desde segunda-feira (29) esperando pelo momento de ir ao local, o menino Enrico Soccol Breda escolheu os carrinhos que iria levar para a ocasião, para que inaugurasse a embarcação. Acompanhado dos avós, não arredou pé até que visse o equipamento atracar.
— Ele pegou os brinquedos e quis vir conhecer a balsa – revela a avó Maria Gorette de Villa.
Aos poucos, os hábitos de antes da enchente vão sendo retomados. Os amigos Natalino Vidal e João Luís dos Santos, ambos de Bento Gonçalves, foram acompanhar a chegada da balsa, comemorando a possibilidade de um acesso mais rápido para visitar parentes e amigos.
— Posso voltar a almoçar todas as semanas nas minhas irmãs que moram em Muçum, sem precisar fazer longos trajetos — pontua Natalino.
Assim que a embarcação estiver em operação, a tarifa-base para os usuários será de R$ 9,63.