Publicado nesta quinta-feira (7), o Relatório de Avaliação Técnica Pós-Desastres de Gramado considerou o alto volume de chuva ocorrido entre setembro e novembro como fator principal das movimentações de solo que causaram duas mortes e a queda de um prédio na cidade.
O relatório considerou os dados da estação pluviométrica localizada no aeroporto de Canela e aponta que, entre os meses de setembro e novembro, foram registrados cerca de 1,2 mil milímetros de chuva na região.
Conforme o estudo realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), e de acordo com a MetSul Meteorologia, o volume corresponde a mais que o dobro da média histórica de toda a primavera.
No período das movimentações de terra, entre os dias 11 e 18 de novembro, o volume acumulado de chuva alcançou cerca de 291 mm. O número corresponde a mais que o dobro da média histórica de precipitação do mês de novembro, que é 144,5 mm.
Dos três pontos vistoriados pela equipe formada por especialistas em Geociências e Hidrologia, a Rua Ladeira das Azaleias, no bairro Três Pinheiros, foi a que apresentou os maiores desníveis, de até um metro em relação ao solo.
Na rua estava o Condomínio Ana Carolina, que desabou no dia 23 de novembro e revelou, após a queda, novas deformações no solo. A disposição das rachaduras, no entanto, levou o relatório a crer que a sua origem esteja ligada à movimentação do terreno e não de um colapso estrutural do edifício.
Solo supersaturado em declive
Em outro ponto, na Estrada da Pedreira, no bairro Três Pinheiros, os deslizamentos teriam sido ocasionados pelas águas das chuvas que saturaram o solo. No entanto, o declive do terreno para a implantação da estrada pode ter reduzido as partículas que formam o solo, causando assim o processo de deslizamento:
"Esta saturação reduz a coesão do solo enquanto a alta declividade do corte para a implantação da estrada reduz o atrito entre as partículas que formam o solo, causando assim o processo de deslizamento. Importante salientar que a textura do solo local é areno-argilosa, com presenças do mineral mica, e perfil raso, o que indica uma fragilidade importante frente ao intemperismo", diz o relatório.
Sugestões para manejo do solo e ações de prevenção
O estudo indicou seis sugestões a curto prazo para manejo seguro dos locais e retorno das famílias que seguem fora de casa. Um deles é para que se aguarde o período de estiagem para que as pessoas efetivamente voltem às residências, principalmente no bairro Três Pinheiros, onde, de acordo com a prefeitura, 15 edificações seguem interditadas.
Outra sugestão é a criação de uma rota segura para que a população evite a Estrada da Pedreira até que seja feita uma avaliação geotécnica por profissional habilitado. A avaliação para verificar a real eficiência dos sistemas de drenagem das áreas afetadas também foi sugerida.
A importância do monitoramento diário dos locais se dá, segundo o relatório, porque as trincas já abertas são condutoras de água e, portanto, não se descarta a possibilidade de ocorrência de novos movimentos durante períodos de chuva.