A Polícia Civil investiga um suposto caso de maus-tratos contra crianças em uma escola de educação infantil particular de Caxias do Sul. Conforme relatos de pais ouvidos pela reportagem, o crime teria ocorrido contra bebês do berçário e teria sido praticado por duas ex-funcionárias. Um boletim de ocorrência foi registrado no dia 1º de novembro. O nome da escola não é divulgado, pois ainda não há conclusão do inquérito e também para preservar a identidade das crianças em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Uma mãe, que tem a identidade mantida em sigilo pela reportagem, contou que a filha dela, de dois anos, é uma das crianças que teriam sido agredidas na escolinha. Ela reconheceu a menina em imagens gravadas por câmeras de segurança no refeitório e em uma sala de aula.
— Eu vi as professoras (as duas ex-funcionárias apontadas na denúncia) agredindo minha filha com chutes, tapas na boca e beliscões — relata a mulher, que compareceu na delegacia na última sexta-feira (10) e teve acesso às gravações.
A mãe ainda conta que havia notado diferença no comportamento da criança nos últimos tempos:
— Minha filha começou a ficar agressiva, não queria mais que eu encostasse nela — acrescenta.
A prefeitura de Caxias do Sul encaminhou uma nota à imprensa na tarde desta segunda-feira (13). Segundo o comunicado, havia 34 crianças matriculadas no local, por meio do sistema de compra de vagas pelo município e que serão transferidas para outras instituições.
Ainda conforme a prefeitura, relatos de maus-tratos envolvendo duas ex-funcionárias chegaram à Secretaria Municipal de Educação (Smed) no dia 8, por meio de familiares de crianças matriculadas na escola. No dia seguinte, representantes da prefeitura foram até a instituição, sendo informados sobre o afastamento das então funcionárias. No mesmo dia também houve a notificação de rescisão contratual.
— Estamos permanentemente atentos à movimentação da rede de ensino que atende o público do município. Quando surgem informações de conduta inadequada, imediatamente apuramos os fatos. Em se confirmando irregularidades, tomamos todas as providências cabíveis — afirmou o secretário municipal de Educação, Edson da Rosa.
Da Rosa ainda argumentou que o caso é tratado com delicadeza e discrição e que, por envolver menores de idade, o processo corre em segredo de Justiça.
No início da noite desta segunda-feira (13), cerca de 30 pessoas fizeram uma manifestação em frente à escolinha. De acordo com um pai ouvido pela reportagem, o protesto é para mobilizar a comunidade e chamar atenção para o caso. A mobilização foi silenciosa, com os participantes portando cartazes pedindo justiça.
Não havia ninguém da escola, pois, conforme a direção, as atividades foram encerradas às 15h nesta segunda.
O que diz a escola
Procurada, a direção da escola de educação infantil respondeu que está ocorrendo uma investigação em sigilo e que "não tem muito o que dizer". Ainda acrescentou que "todas as manifestações são livres" e que "após a conclusão das investigações, aí teremos o que dizer, mas, neste momento, estamos respeitando a lei pelo sigilo".