Prato indispensável nas festas que cultivam a cultura italiana, o tortéi é também o protagonista de uma competição curiosa em Antônio Prado, na Serra. Em sua oitava edição, o Festival Nacional da Massa (Fenamassa) reuniu neste sábado (11) 22 participantes para conhecer o maior comer de tortéi. E a vitória no concurso foi de um estreante: o vendedor Diogo Baldin, 39 anos, morador de Antônio Prado, comeu 158 unidades em 2h15min de competição e superou todos os adversários.
A marca atingida por Baldin equivale a cerca de 2,5 quilos de tortéi, que é uma massa recheada com moranga e servida no concurso com molho de frango. O estreante também bateu o recorde da brincadeira, até então pertencente ao bicampeão Neimar Zamboni, que comeu 143 unidades em 2021 e alcançou 95 em 2022. Desta vez, Zamboni ficou com o vice-campeonato, após comer 125 tortéis.
O novo campeão contou que participa de grupos de corrida, faz trilhas e sobe montanhas, fatores que ajudam a queimar calorias e a manter o metabolismo ativo. Além do título de maior comedor de tortéi, ele recebeu brindes de apoiadores do evento e assumiu o compromisso de auxiliar na divulgação do festival.
— Não tive preparação nenhuma, vim para prestigiar o evento, que é muito importante para o nosso município. Mas, claro, tu está no meio de uma competição tu acaba tendo motivação, come um pouquinho mais e cheguei nesse recorde. O tortéi estava delicioso. Cheguei até o 130 bem tranquilo. Depois, começou a pesar. Queria atingir 160, mas não deu — disse Baldin, pouco depois de receber um chá de boldo para auxiliar na digestão.
Os 22 participantes foram organizados em uma mesa que lembrava os almoços típicos de colônia. A maioria era vindos de cidades da Serra, como Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Flores da Cunha, mas competidores de São Leopoldo e Ibiraiaras também se inscreveram. Após iniciarem a degustação, eles não podiam mais se levantar da mesa sob pena de desclassificação.
A equipe de apoio do concurso servia individualmente pratos com 10 unidades de tortéi, o que facilitava na contagem feita por cada participante e também pelos fiscais no entorno das mesas. Ao todo, 52 quilos da iguaria foram preparadas previamente e levadas congeladas para a Praça Garibaldi, onde ocorre o Fenamassa. Ali, o alimento era cozido e recebia o molho. Todos os insumos para a preparação dos tortéis foram doados por empresas da cidade.
— Se colocar 10 pessoas para fazer tórtei, as 10 vão fazer de jeitos diferentes. Neste ano, eu assumi a produção para padronizar — conta Gustavo Giulian, coordenador do concurso.
A brincadeira, conforme Giulian, iniciou na segunda edição do Fenamassa, em 2023. Na época, apenas quatro pessoas participaram, todas elas convidadas com muita insistência, segundo ele. Ao longo dos anos, o concurso foi crescendo, atraindo pessoas de outras cidades e olhares curiosos por quem passava pelo local.
— Meu irmão, Cândido, teve a ideia de fazer esse concurso porque nós brincávamos que a cidade tinha uma pessoa que era conhecida por todas como a maior comedora de tortéi. Foi algo evoluindo e nesse ano chega ao seu auge, envolvendo a região e outros municípios gaúchos — contou o coordenador.
Festa reúne as tradições da Serra
Visitar o Festival Nacional da Massa (Fenamassa) é estar na companhia das tradições da Serra, como a farta gastronomia, música e diversão. A entrada no evento é gratuita e o visitante paga apenas o que for consumir. Ao todo, são 3,5 mil metros quadrados de área ocupada na Praça Garibaldi, junto ao Centro Histórico da cidade.
Para quem está em busca de um pão colonial quentinho, a banca das irmãs Zulian é quase uma parada obrigatória. Laura, Daiane e Angélica administram uma cantina em Antônio Prado, inaugurada há 30 anos e que há três edições expõe o produto no festival. Em média, por final de semana, comercializam 500 unidades do pão.
— Produzimos pães, grostolis, o pão frito, que são alimentos que remetem à memória afetiva das pessoas que visitam o Fenamassa. Temos muito prazer em trazer essas delícias, esses sabores, para quem chega na nossa cidade. Seguimos a tradição da família, de 30 anos, que é a minha idade, e isso me motiva bastante — contou Angélica.
O evento conta com três restaurantes, que servem diferentes tipos de massa. É possível também levar o produto, como espaguetes, macarrão, tortéi, agnoline, pizza, croissant, para casa. A comercialização dos estabelecimentos da cidade ficou concentrada em um único espaço.
Quem compra no festival também ajuda três instituições da cidade, como o Encontro de Jovens Amigos (EJA), Associação de Apoio aos Pacientes de Câncer (AAPC) e a Associação Regional de Cuidados aos Animais de Noé. Isso porque parte do valor é revertida para as instituições.
— Ajuda a divulgar a produção local e faz o bem. O turista que vai a Gramado não pode voltar sem chocolate, que for a Bento Gonçalves não pode sair sem comprar um vinho e aqui em Antônio Prado não pode ir embora sem levar massa — disse o voluntário Itacir Pigozzo, 69 anos, que ajudava no atendimento aos compradores.
O festival vai até 19 de novembro, sempre de sexta a domingo.