O sol visto nas primeiras horas da manhã logo deu espaço ao tempo nublado em Caxias do Sul, algo bastante comum para o Dia de Finados. Mesmo assim, o fator climático, inclusive com previsão de chuva, não impediu que milhares de pessoas fossem aos cemitérios da cidade para prestar suas homenagens aos entes queridos nesta quinta-feira (2).
No Cemitério Público Municipal I, no bairro Marechal Floriano, entre a quarta-feira e o final da manhã de quinta, mais de 40 mil visitantes haviam passado pelo local, conforme estimativa da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Atualmente, são cerca de 100 mil pessoas sepultadas no local.
Entre uma missa e outra, teve quem preferiu levar novas flores aos túmulos. Outros, de forma mais silenciosa, apenas observam os locais em que amigos e familiares estão sepultados. Acompanhada da filha Débora, 30 anos, Adra Cavion, 62, foi pelo quarto ano seguido visitar o túmulo da mãe, Maria Genoveva Salvarego Dani, falecida em 2019.
— Eu venho todos os meses no dia do falecimento, em 26 de agosto. Eu sempre venho aqui, limpo, trago uma flor, são quatro anos de saudades, ela era uma pessoa muito querida — relembrou emocionada.
Entre os túmulos, Patrícia Vasques, 63, relembrava as histórias compartilhadas e paixões herdadas por aqueles que já não estão mais aqui. Deixando flores e prestando homenagens a sua avó Mauriuccia de Almeida (falecida em 1989) e a tia-avó Noris Leda Ártico (falecida em 2011), contou que todos os anos visita o local como uma forma de retribuir o carinho deixado por elas.
— É um momento que a gente vem para rever os valores familiares, a nossa cultura tem esse agradecimento aos antepassados, porque eles fazem parte da nossa tradição, do nosso dia a dia. Então, é uma maneira de ficar juntos e em paz — descreveu.
No Cemitério Municipal também era possível ver quem estava lá para auxiliar na superação do luto, como os voluntários do projeto Help, da Força Jovem Universal (FJU). Com abraços e cartazes, eles buscavam trazer um novo olhar para a vida, principalmente com o compartilhamento de histórias de quem já superou a perda de entes queridos. "Sua vida vai ajudar muitas pessoas. Basta querer continuar a escrever sua história", dizia uma das cartas que estava com o voluntário Júlio Fernandes.
— Entendemos que as pessoas estão vindo para cá pela dor da saudade, da perda, e nós compreendemos isso. E tem a questão da saúde mental, que ficou em evidência com a pandemia (da covid-19), mas ela já existia e continua existindo com cada vez mais força. Então, a gente tem esse olhar e essa escuta qualificada porque a maioria dos voluntários já passou por algum problema de saúde mental — explicou Fernandes sobre a atuação do grupo.
20 mil pessoas no Cemitério Parque
O movimento também foi grande no Cemitério Parque, no bairro Nossa Senhora do Rosário. De acordo com a administração, 20 mil pessoas são esperadas até o fim do dia. Na entrada do local, a Fiscalização de Trânsito chegou a orientar motoristas na Rua Atílio Andreazza por conta do fluxo intenso.
Durante a manhã, muitas famílias aproveitavam para limpar lápides e colocar novas flores. Entre os jazigos, algumas pessoas também oravam, bem como acendiam velas em memória dos entes queridos.
Rosmari Arboit, 63, foi ao local para prestar uma homenagem à mãe. Sempre no Dia de Finados ela volta ao Cemitério Parque para colorir a lápide de Ignes, falecida em 2004. Enquanto separava e ajeitava as flores, ela pedia ao marido Ayrton Marchioro, 63, se a organização tinha ficado bonita. O momento para Rosmari é especial:
— É um lugar de paz, amor e tranquilidade.