Inaugurado no dia 9 de outubro, o Centro Integrado de Operações (Ciop) fecha nesta quinta-feira o primeiro mês de funcionamento. O projeto ainda está na fase da instalação de câmeras de monitoramento e transição de serviços das forças de segurança de Caxias do Sul. De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social (SMSPPS), responsável pelo gerenciamento do espaço, há 116 câmeras já em funcionamento no município. A intenção é que o sistema, quando completo, opere com 275 equipamentos. As imagens são controladas na central, localizada na Rua Marechal Floriano, no bairro Rio Branco, onde atualmente trabalham menos de 10 pessoas, entre agentes de fiscalização de trânsito, Guarda Municipal e Brigada Militar (BM).
Neste primeiro mês, de acordo com o secretário Paulo Rosa, as câmeras já trouxeram retornos. Segundo ele, foi possível identificar veículos que estavam irregulares com as leis de trânsito. As imagens foram disponibilizadas para a Polícia Civil dar andamento às investigações e auxiliou em operações integradas. Contudo, nenhum dado desses resultados foi repassado. Nos primeiros 30 dias, Rosa afirma que mais de 10 equipamentos foram vandalizados e precisaram ser reinstalados pela Vigillare Sistemas de Monitoramento Ltda, de Santa Maria, contratada para prestar o serviço em Caxias.
O sistema do Ciop teve investimento de R$ 20 milhões da prefeitura e outros R$ 700 mil do governo do Estado. O contrato de locação de todos os equipamentos é de quatro anos, no valor de R$ 16.625.724,98. A locação do imóvel é de 120 meses (10 anos), ao custo total de R$ 3.294.400.
Fase de transição
No dia da inauguração, a sala do Ciop contava com 30 monitores, compondo 15 estações de trabalho, e mais 10 telas de 55 polegadas na parede. As câmeras instaladas nas ruas são rotativas e possuem boa resolução para facilitar a visualização de placas e reconhecimento facial dos motoristas. As gravações são geradas por 24 horas e ficam à disposição de órgãos como Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF), Polícia Civil (PC), Corpo de Bombeiros, BM, Guarda Municipal, Fiscalização de Trânsito, Secretaria de Urbanismo e Susepe. Algumas dessas instituições, como a BM e a Guarda, possuem agentes e servidores fixos. Outras, como a Polícia Civil, podem ter acesso às imagens de forma esporádica, para investigações de crimes.
— A Civil pode usar para furtos, roubos, homicídios e vandalização a estabelecimentos comerciais, por exemplo. Já utilizamos imagens para algumas investigações, principalmente da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), mas não podemos divulgar devido ao andamento dos casos — salienta o delegado Luciano Righês Pereira, titular da Draco.
A BM, segundo o comandante do 12º Batalhão, Ricardo Vargas, possui servidores diários no Ciop, mas nenhuma linha telefônica do 190 opera ainda no Centro. Isso porque o setor de informática da corporação possui as esperas instaladas e aguarda pela conclusão do serviço da operadora de internet e telefonia. Esse serviço deverá ser concluído até a segunda quinzena deste mês e a migração será de forma gradativa, sendo acompanhado por cursos de capacitações aos servidores que vão operar o sistema.
— Temos um servidor que observa e repassa as informações às equipes, que farão as ações efetivas. Contudo, como todo o trabalho é controlado pelo sistema do 190, precisamos migrar aos poucos — confirma Vargas.
Devido a isso, mesmo que as câmeras flagrem uma ação criminosa, segundo o comandante, é obrigatório que a população ligue e solicite o atendimento. A câmera tem o intuito de inibir crimes e auxiliar na identificação dos executores, sem emitir alertas. Os equipamentos sinalizam, por exemplo, quando um veículo que está com o licenciamento atrasado passa diante dela.
Cercamento eletrônico
Quando instaladas na sua totalidade, as câmeras terão dois objetivos: o monitoramento e o cercamento eletrônico. Conforme o secretário Paulo Rosa, o monitoramento servirá para flagrar o envolvido imediatamente. Em seguida, o caso é diagnosticado e posteriormente pode ser feito um reconhecimento, que pode servir como prova em um inquérito policial.
Já o cercamento eletrônico, com integração ao sistema estadual, pode identificar veículos em situação de furto ou roubo. Das 275 câmeras que o projeto prevê, 74 possuem LPR (Reconhecimento de Placas de Veículos). Com o cruzamento de dados, assim que um roubo é registrado, por exemplo, o sistema recebe a informação e uma notificação surge na tela dos operadores para que eles possam localizar e acompanhar o deslocamento do automóvel e determinar as ações cabíveis.
O chefe operacional da 5ª Delegacia da PRF, Jonatas Josué Nery, afirma que são mais de 900 câmeras interligadas no Estado e que, além do trabalho preventivo de trânsito, os agentes cadastram possíveis veículos suspeitos de participarem de atos criminosos. Ainda na área da segurança pública de Caxias, de acordo com o secretário Rosa, há intenção de, em um futuro próximo, ser instalado um sistema de monitoramento de alarme dos prédios públicos. Há um processo licitatório em andamento, que prevê mais quatro telas de 55 polegadas controladas por guardas municipais.