Quase um ano após começar a sentir dores nas duas mamas, a auxiliar de escritório Daniane Girardi da Silva, 40 anos, recebeu o diagnóstico do incômodo: um tumor de pouco mais de 1,5 centímetro na mama esquerda. Daniane é uma das mulheres que compartilha sua história com outras pacientes oncológicas na Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan), durante a campanha Juntos pela Vida, alusiva ao Outubro Rosa, em Caxias do Sul. Nesta quinta-feira (19), é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama.
Uma notícia que, por si só, já era um baque, veio com a confirmação de que Daniane tinha um novo tipo de câncer muito invasivo, detectado no mundo por pesquisadores em 2018 e que ainda está em fase de estudos, além da possibilidade de metástase. O dia era 24 de janeiro de 2023 e Daniane lembra que, durante a conversa com a médica, parou de escutar o que estava sendo falado.
— Eu só pensava que ia morrer. Vi minha vida inteira passando. Precisei chamar a minha irmã para conversar com meu marido, parece que eu me isolei daquela sala, fui para outro planeta — conta.
O sopro de esperança veio três meses após ficar internada em Porto Alegre, para investigar a possível metástase. No dia 9 de maio, a equipe médica descartou a presença do câncer no fígado. Foi a chance que Daniane viu para enfrentar de frente e vencer a batalha contra a doença. No final de maio, ela iniciou o tratamento com quimioterapia para reduzir o tumor e evitar uma cirurgia muito invasiva.
— Na segunda (dia 16), repeti os exames e foi constatado que a quimioterapia não auxiliou. O tumor cresceu cinco vezes desde janeiro. Nesta quarta (dia 18), eu fiz mais uma sessão e a médica vai agendar o bloco cirúrgico para o dia 7 de novembro.
Daniane elogia o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ela, uma consulta que levou quatro dias para ser realizada, levaria um mês pelo plano. Quando o cérebro "se desliga" nas consultas, a auxiliar de escritório recorre aos canais oficiais, como do Instituto Nacional de Câncer (Inca), e conta com o apoio do marido, Márcio Soares dos Santos, 45, e do filho, Adrian Da silva dos Santos, 21.
— Eu queria trocar de quarto, pois fico muito agitada depois das sessões. O Márcio (marido) não deixou, disse que eu não ia trocar de quarto para ele me cuidar — relata.
Apesar do grande desafio, ela mantém a esperança:
— A gente aprende a ver diferente as coisas. Eu nunca me deixei ser ajudada, abraçava tudo, hoje eu me permito a deixar as pessoas me ajudarem e valorizar as pequenas coisas, até um abraço. Vamos viver a batalha que a gente tem de batalhar.
Campanha Juntos pela Vida
Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama, a Aapecan busca conscientizar e estimular a prevenção e o autocuidado com a campanha Juntos pela Vida. Na unidade de Caxias, cerca de 130 mulheres estão cadastradas com diagnóstico desse tipo de câncer. Só em 2023, foram 41 novos cadastros. Para trabalhar a temática, diversas atividades estão sendo organizadas neste Outubro Rosa, como exposições fotográficas, palestras e rodas de conversa, abordando ações de prevenção, diagnóstico precoce e a qualidade de vida da paciente durante o tratamento.
Interessadas podem entrar em contato com a Aapecan pelo telefone (54) 3026-9546 ou pelas redes sociais da organização.
Sobre o câncer de mama, segundo o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer
- É o tipo de câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo.
- Estimativa de 73.610 novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), com dados de 2023.
- Sintomas mais comuns são: caroços (nódulos), edema na pele, dor e alteração no mamilo.
- Não há uma causa única para o câncer de mama,
- A confirmação só é feita por meio de biópsia,
- Mantenha os exames em dia e as consultas com um médico de confiança regularmente.