Seja com vassouras, baldes, carrinhos de mão ou pás, voluntários de diferentes cidades chegaram neste sábado (9) a Santa Tereza, município da Serra devastado após a enchente do Rio Taquari provocado pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul. São pessoas dispostas a oferecer ajuda para limpar casas, pátios, ruas e, principalmente, remover entulhos que se multiplicam nas calçadas.
Com o tempo instável, mas sem chuva forte, caminhões da prefeitura, de municípios vizinhos e de empresas privadas circulavam pela cidade para remover a sujeira trazida pelo rio e que ocuparam a rua da histórica cidade. O amontoado de galhos, árvores, móveis e eletrodomésticos perdidos estão sendo levados para um terreno da prefeitura e depois receberão um novo destino.
E a ajuda externa é bem-vinda para uma comunidade de 1,7 mil habitantes que está no quinto dia de trabalho para reconstrução dos espaços. Depois de auxiliar os vizinhos que tiveram as residências destruídas, a servidora Sandra Remus Grassi, 54 anos, não sabia por onde começar na hora de tirar o barro que invadiu a casa dela, do esposo e da mãe.
— Não estou vencendo fazer tudo. É gratificante ver as pessoas ajudando. Não tenho mais força, o que eu pude ajudar eu ajudei, mas não está fácil — contou Sandra.
Foi então que cinco moradoras de Carlos Barbosa apareceram para ajudar. Lideradas pela empresária Neivete Pelisson, 33, elas andavam pelas ruas com baldes e vassouras oferecendo mão de obra para limpar as casas.
— A gente precisa se unir e ajudar as pessoas que estão precisando. Principalmente mandar boas energias para que elas consigam se reerguer. O auxílio é o que nós podemos oferecer nesse momento — contou ela, antes de começar a tirar a água da casa de Sandra.
Pessoas munidas com equipamentos apareciam a todo momento. Após cerca de 300 quilômetros e cinco horas de viagem, o garçom Kelvin Zanotelli, 31, chegava a Santa Tereza com outros 20 voluntários vindos de Campinas do Sul. Auxiliaram moradores de outros municípios durante o feriado e chegaram a Santa Tereza porque entenderam que a comunidade também carece de ajuda.
— Auxiliamos cidades onde os estragos não foram tão grandes como estamos vendo aqui. Não temos como ficar parados quando as pessoas precisam de ajuda. O sorriso no rosto, um abraço, um agradecimento compensa e nos traz alegria e motiva o trabalho voluntário — afirma Kelvin.
Outro exemplo de ajuda vem de uma construtora de Bento Gonçalves. Trinta profissionais se organizaram para reformar casas afetadas pela água em Santa Tereza, como a do professor de educação física Lennon Galves, 33. Ele relembrou que a água subiu muito rápido e precisou usar uma espécie de caiaque para sair da casa e pedir ajuda.
— Nas outras enchentes, a água tinha ondas e voltava. Dessa vez, ela só veio e subiu assustadoramente. Esquecemos bem materiais e prezamos pela vida. Agora é reconstruir. Consegui material de construção, mas não tinha como reformar e apareceram esses anjos para nos ajudar. A gente não sabe nem como agradecer — diz o professor.
Segundo o responsável pela construtora, Paulo Ricardo Do Canto Pereira, a ideia de ajudar partiu dos funcionários. A principal demanda é com a instalação de divisórias e forros de madeira e PVC.
— No dia do pagamento, surgiu a ideia porque todos queriam ajudar de alguma forma. Vamos reconstruir os telhados, parte de madeira, reboco — conta.
Nesse momento, o pedido da prefeitura de Santa Tereza, no momento, é que eletricistas e pessoas com motosserras se somem aos voluntários. É que não se sabe a situação da fiação elétrica das casas e também há árvores que precisam ser retiradas das vias. Uma ajuda levada pelo Rudinei Torres, de Farroupilha, que chegou por volta das 7h em Santa Tereza.
—Nos avisaram que estavam precisando, reunimos um pessoal, colocamos os materiais na caminhonete e viemos ajudar. Precisamos colaborar com quem hoje está sem ter onde morar — relata.
Nas ruas de Santa Tereza, além do vai e vem de caminhões, voluntários se revezam oferendo lanches, levando garrafas de água e colaborando se alguma forma. O ginásio da cidade está lotado de doações e donativos estão sendo enviados para Roca Sales, outro município gaúcho bastante atingido pela enchente.