A instalação do pórtico para cobrança de pedágio pelo sistema free flow no km 108 da RS-122 prejudica comunidades do entorno. Esse é o entendimento do prefeito de Antônio Prado, Roberto Dalle Molle, que defende a retirada da estrutura do ponto ou pelo menos algum tipo de isenção a quem vive próximo. A estrutura está sendo construída a poucos metros da ponte sobre o Rio das Antas, no limite do município com Flores da Cunha.
Na próxima segunda-feira (11), o prefeito e representantes da Câmara de Vereadores e do setor empresarial do município se reuniriam com integrantes da Secretaria de Parcerias e Concessões do Estado. O objetivo era entregar um ofício assinado na última quarta-feira (6) que demonstra a contrariedade com o ponto escolhido. O encontro acabou cancelado na sexta-feira (8), mas uma nova data será agendada.
— Ali não tem mais desvio (nem mesmo para tráfego local) para quem precisa passar. Vamos ter prejuízos na questão de quem estuda em Caxias e vai ter que pagar, porque não há outra alternativa. Também tem produtores que possuem terras dos dois lados do rio. Claro que a companhia também tem sua razão, porque hoje (no pedágio atual, em Flores da Cunha), 70% do fluxo usa o desvio — pondera o prefeito.
No documento, o grupo também aponta insatisfação por não ter sido informado com antecedência a respeito da mudança de endereço do ponto de cobrança. Desde a assinatura do contrato de concessão, a previsão era de que o pedágio ficasse no km 103, na descida da Serra das Antas, em Flores da Cunha. Com a decisão de adotar o sistema automatizado de tarifação, contudo, a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) optou por realocar a estrutura. A empresa pode modificar a localização do pedágio em até cinco quilômetros para cada lado sem autorização do Estado, mas os representantes da cidade afirmam que souberam da mudança por meio da imprensa.
Além disso, Dalle Molle aponta que esse movimento faz com que os pedágios se afastem cada vez mais dos grandes centros, impactando cidades menores. A consequência, na visão dele, é que essa medida faz com que menos pessoas paguem tarifas, que acabam se tornando mais caras.
— Sempre se falou que deveríamos ter estradas melhores e as alternativas eram os pedágios. Nossas redes de rodovias são péssimas. Somos favoráveis em ter estradas boas, mas deveria ter consciência regional para ter pedágio mais barato. Sempre ressaltamos que o valor do pedágio era importante e não fomos ouvidos. Deveria ser R$ 3, R$ 3,50 e a realidade é que está em R$ 8,30. Era para incluir mais pessoas para pagar e a tarifa baixar — destaca o prefeito, que demonstra desconfiança sobre a possibilidade de queda na tarifa com o sistema free flow que, em tese, tem menos custo de operação.
A estimativa do Estado e da CSG é de que o pórtico em Flores da Cunha comece a operar em dezembro. A concessionária disse que não vai se manifestar a respeito da mobilização de Antônio Prado.
Estrutura de cobrança
Desde o início dos estudos e discussões para implantação da concessão nas rodovias da região os municípios da Serra apontaram que não aceitariam cobrança de tarifa em áreas de rodovias já urbanizadas. A reivindicação se deve ao trauma da região pelo pedágio entre Caxias do Sul e Farroupilha, que operou por 15 anos.
A medida foi contemplada na modelagem da concessão, mas, com a adoção do sistema free flow, o Estado não garante até o momento que não haverá cobrança no eixo entre Caxias e Bento Gonçalves. Mais do que facilitar o pagamento, com a cobrança automatizada, o objetivo do free flow é distribuir uma série de pórticos de identificação de veículos com tarifas menores em cada um deles. Dessa forma, seria possível desembolsar um valor proporcional à distância percorrida. A localização desses pórticos adicionais, contudo, vai depender de levantamento de dados que ocorrerá nos próximos dois anos.
Free flow
Ao contrário das tradicionais praças de pedágio, o free flow não tem uma barreira física na rodovia que interrompe a circulação. Os pórticos equipados com câmeras e sensores identificam a passagem dos veículos por meio da leitura de tags veiculares ou da placa. O sistema gera a cobrança automaticamente, sem necessidade de parada ou redução de velocidade.
Uma vez que o motorista passa por um pórtico a cobrança é gerada e haverá um prazo de 15 dias para pagamento. Se o veículo não possui tag, a leitura se dará por meio da placa. Para pagar, será possível utilizar o site ou o aplicativo da concessionária informando a placa do veículo.
O sistema também estará disponível em totens nas bases de serviços operacionais (BSOs) recém-inauguradas e localizadas às margens das rodovias. Para o futuro, se prevê ainda convênio com estabelecimentos comerciais. O não pagamento acarreta em multa R$ 195,23 e cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por evasão de pedágio.