A água do Rio Taquari, que tomou ruas, casas e estabelecimentos comerciais de Santa Tereza na noite de segunda-feira (4), já começava a baixar no fim da tarde desta terça-feira (5). A mudança dava espaço a um cenário de destruição no Centro do município de 1,7 mil habitantes, que fica ao lado de Bento Gonçalves. Conforme levantamento da Defesa Civil e da prefeitura, o nível da água chegou a quase 23 metros, quatro a mais que a cheia histórica de 2020.
De acordo com os mesmos dados, pelo menos 30 famílias da cidade tiveram as casas destruídas. Com isso, a prefeita Gisele Caumo decretou estado de calamidade pública ainda na tarde de terça.
— Emitimos na data de hoje porque a situação é de calamidade, nos enquadramos totalmente. Graças a Deus não tivemos nenhuma morte no município. Conseguimos salvar todas as pessoas, mas a calamidade é visível — declara Gisele.
A prefeita e equipes locais acreditam que levará meses para recuperar totalmente Santa Tereza. O primeiro passo é iniciar a limpeza, que conta com auxílio de municípios como Bento, Monte Belo de Sul e Coronel Pilar, além de bombeiros e exército.
Para os moradores, a situação ainda é inexplicável. Helena Simonetti, 52 anos, só conseguiu ver o que restou da residência quando a água começou a desaparecer. Ela tinha um salão de beleza ali, onde investiu R$ 200 mil para ser proprietária e depois reformar o espaço após a enchente de 2020.
— Foi um desespero. Um filme de terror. Não sabia mais o que fazer. Quase me afoguei, a água passou por mim — relembra Helena, que foi salva por funcionários da prefeitura.
Durante a tarde, trabalhadores e voluntários auxiliavam aqueles que tiveram residências e estabelecimentos comerciais atingidos. Toda a cidade movimentava-se para ajudar. Inclusive, o salão ao lado da Paróquia do município recebia doações de alimentos, produtos de higiene e de limpeza. Enquanto isso, colchões e cobertores eram colocados no ginásio próximo a Bento para receber alguém desabrigado.
A prefeita afirma que as famílias atingidas estão abrigadas em casas de amigos ou parentes. Gisele também pede a doação de mais produtos de higiene e limpeza, como vassouras e rodos, água e alimentos. No momento, materiais de construção não são solicitados porque o levantamento do prejuízo ainda é feito.
A expectativa, neste momento, é pela volta da eletricidade. A prefeita está em contato com a Rio Grande Energia (RGE), mas ainda não há previsão. Gisele explica que muitos postes foram derrubados e alguns até foram levados pela água.
— Nós estamos apreensivos porque precisamos da luz para que os nossos poços funcionem. Os nossos poços estão com água, porém não estão funcionando por falta de energia elétrica — conta a prefeita.
A prefeitura recebe doações no salão paroquial. Mais informações podem ser obtidas no telefone (54) 99681-2731.