Três representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) visitaram Santa Tereza, na Serra, para avaliar a situação da cidade e dos prédios centenários após a enchente do Rio Taquari. Dos 60 imóveis considerados históricos e integrantes do inventário do Iphan desde 2012, quatro foram perdidos e outros vão precisar de reparos internos.
Os prédios considerados perdidos ficam na Rua Abramo Caumo, bem próxima ao Rio Taquari e onde a água avançou rapidamente na última semana. De acordo com a Defesa Civil, em toda a cidade, 50 casas foram destruídas e mais de 380 pessoas foram afetadas.
De acordo com o superintendente do Iphan, Rafael Passos, as equipes fizeram uma vistoria em toda a cidade e, além dos imóveis perdidos, a análise inicial é que os danos não causaram estragos permanentes na maioria das casas. Há casos de residências históricas atingidas pela água até a altura do telhado, perda de móveis e a necessidade de divisórias de madeira.
— Nossa avaliação nesse momento é que todas as casas que foram atingidas não tiveram danos irreparáveis. Nem danos que exijam uma ação emergencial de escoramento, de proteção, para evitar algum dano maior, por exemplo. Tem algumas ações a serem feitas, sobretudo internas, mas estruturalmente nenhuma tem um dano que preocupe ou que seja irreversível — afirma.
Ainda segundo ele, um parecer será feito e o documento permitirá estudos para saber se haverá necessidade do empenho de recursos federais para a recuperação dos espaços. Ao mesmo tempo, o Iphan se colocou à disposição para auxiliar na busca de soluções de habitação para famílias que perderam as casas após a enchente. Estiveram na cidade, além de Passos, o coordenador técnico Guilherme Franceschi, e a chefe do Escritório Técnico de Antônio Prado, Paula Lovatel Soso.
Eles chegaram em Santa Tereza na última segunda-feira (11), pernoitaram na região e voltaram à cidade na terça-feira (12) para se reunir com representantes da comunidade. Uma preocupação é com os danos na Casa Ferri, na esquina da Avenida Itália com a Rua Abramo Caumo, que não foi perdida, mas foi atingida pela água. O imóvel de madeira, construído por volta de 1900, foi escolhido pelo casal de italianos Cesare Appiani e Maria Savóia para abrigar a primeira fábrica de gaitas do Brasil, aberta em 1907.
O inventário do Iphan na cidade serrana abrange 60 imóveis na área conhecida como núcleo histórico — que colocou Santa Tereza em um seleto grupo de núcleos urbanos do Brasil sob os cuidados do governo federal, que inclui cidades consagradas como Parati (RJ) e Ouro Preto (MG). Quase todos os prédios no município abrigam famílias, instituições ou empresas. Alguns foram erguidos no final do século 19, no início da colonização italiana.
Além disso, Santa Tereza ficou conhecida no país por ter sediado as filmagens do longa Saneamento Básico, dirigido e escrito por Jorge Furtado. Por semanas, a população conviveu com o set de filmagem e acostumou-se com os atores Fernanda Torres, Wagner Moura, Lázaro Ramos e Camila Pitanga, entre outros, passando pelas ruas.