O futuro Centro Municipal de Proteção Animal de Caxias do Sul ganhou forma nesta sexta-feira (23) com a apresentação à comunidade do projeto arquitetônico da estrutura — que vai abrigar inicialmente cerca de 500 cães e gatos que aguardam por adoção. A expectativa é de que a construção do espaço comece entre agosto e setembro deste ano, com serviços de terraplanagem. Ao todo, a previsão é de que sejam necessários destinar R$ 7 milhões para a implantação do local.
Inicialmente, serão usados recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente, o valor da permuta de um terreno ao lado do atual canil, assim como serão buscadas emendas parlamentares. Recursos próprios da prefeitura também serão aportados.
— A empresa que fica ao lado do atual canil sinalizou que tem interesse naquela área, ou seja, são caminhos futuros para obtenção de recursos. Também vamos buscar emendas parlamentares para conseguir esse dinheiro, mobilizar os vereadores e as bancadas de seus partidos para conseguimos os recursos. A determinação do prefeito Adiló (Didômenico, PSDB) é que as obras iniciem ainda neste ano, nem que seja por módulos, sendo feitas por etapas — disse o secretário municipal do Meio Ambiente, João Uez, em entrevista ao programa Chamada Geral 1ª Edição, da Gaúcha Serra.
O espaço será construído em uma área rural de cinco hectares, localizada no Travessão Aliança, que fica próximo da Estrada dos Romeiros, no limite entre Caxias do Sul e Farroupilha. A definição ocorreu após a vsitoria de 14 áreas, sendo essa avaliada como a mais adequada e obtida por meio de uma permuta entre os donos do terreno e a prefeitura.
Conforme o projeto, elaborado pela empresa DCA Engenharia, contratada pelo município, o centro contará com canis coletivos e individuais (feitos em concreto) para 440 cachorros. A estrutura prevê ainda espaços para a circulação de funcionários, local reservado para que os bichos tenham contato com a luz ambiente e também que permita a circulação do público.
Além disso, o local terá áreas exclusivas para mães e filhotes, animais idosos e aqueles considerados mais raivosos, que precisam ficar isolados. Uma área para 60 gatos também estará à disposição, assim como quatro baias para animais de grande porte, como cavalos.
"Não pode ser depósito de bichinhos", diz secretário
O objetivo da prefeitura é que o espaço seja um abrigo temporário para animais em situação de vulnerabilidade ou vítimas de maus-tratos.
— O centro não pode ser um depósito de bichinhos. Ele que ser como se fosse um hotel, onde os animais vão entrando, vão sendo adotados e outros possam ser acolhidos — afirma Uez.
Ambulatórios e equipes especializadas serão oferecidos para um tratamento adequado aos animais e proporcionar que o período de permanência no local seja respeitoso até o momento da adoção. Ainda conforme o projeto, há uma área reservada para uma possível expansão da área.
A organização do espaço levou em consideração a estrutura do canil municipal atual, que é considerada precária e conta com 400 animais sob a tutela do município. Também foram feitas visitas ao Hospital Veterinário da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que será parceiro nos atendimentos aos animais do novo centro de proteção animais.
Um das propostas é que local possa atrair a comunidade, além de incentivar a realização de feiras de adoção de animais. Por isso, uma praça interna foi projetada para acolher o público interessado em assumir os cuidados do bichinho.
Futuramente, próximo ao terreno, a prefeitura poderá investir na construção de um parque municipal, aumentando a circulação de pessoas no entorno do centro de proteção animal. No entanto, os dois locais serão totalmente separados, para que os animais do canil não fiquem agitados.
Entenda
Em maio do ano passado, a prefeitura anunciou o endereço onde será construído o Parque de Proteção Animal, que inclui o canil municipal. O local fica perto da Estação de Tratamento do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae),próximo à Estrada dos Romeiros.
Para viabilizar o parque foram acordadas duas permutas, uma para o terreno que abrigará o parque propriamente dito, e outra para a construção do alojamento dos animais que vivem no atual canil e os demais bichos que vierem a ser resgatados.
Para viabilizar a obra, o município colocou na troca pelo terreno uma área no bairro Santa Lúcia, perto da Ceasa.
Atualmente, de acordo com o secretário do meio ambiente, João Uez, são em torno de 480 animais sob tutela da prefeitura e a capacidade máxima do atual canil já foi atingida. A área do futuro espaço de acolhimento de caninos e felinos, além de ampla, sem vizinhos nas proximidades e munida de fácil acesso, é lindeira a uma ETE, que dará destinação correta aos dejetos dos animais por gravidade, sem necessidade de despesas com sistemas de bombeamento.
ONGs elogiam projeto, mas pedem agilidade
Além da imprensa e de vereadores, representantes ligados à ONGs de proteção animal de Caxias do Sul participaram da apresentação do projeto do novo centro.
Ao Pioneiro, a diretora de marketing da Associação Amigos dos Animais (Soama), Natasha Oselame Valenti, classificou o projeto como bem estruturado e que, quando implementado, representará em um avanço importante no bem-estar animal.
Entretanto, criticou a ausência de prazos e da garantia de recursos para a implantação do local.
— Ao longo dos anos, vimos muitas promessas, todo o governo prometia que ia melhorar a área e não se cumpria. Se passaram 18 anos, não é pouca coisa. Pra mim, ver isso (apresentação do projeto) não me emociona, não me cria expectativa e eu gostaria de celebrar quando efetivamente isso acontecer. De promessa, nós estamos cheios. Aguardemos. Fiquei impressionada com o trabalho, mas eu queria ouvir que nós temos a verba, está aqui o projeto, começa tal dia e termina tal dia — explica.
Natasha é pioneira no cuidado com animais em situação de vulnerabilidade e maus-tratos. Desde 2016, a Soama deixou de administrar a chácara que abriga cães e gatos no interior do município. Agora, a prefeitura administra o espaço em São Virgílio da 6ª Légua, cuja estrutura é considerada precária e que carece de investimentos.
Catia Giesch, responsável pela ONG Proteção Animal Caxias (PAC), também entende o projeto como positivo, mas cobrou agilidade para implementar o espaço. Segundo ela, a estrutura para 500 cães e gatos é pequena porque atende apenas a demanda existente.
— O projeto é bom, mas o que me preocupa é que o novo canil já chega cheio. Se fosse hoje, apenas 30 novas vagas estariam disponíveis. O que vai melhorar é a estrutura, mas entendemos que não resolve o problema. Não é ser pessimista, mas é ser realista e eu acho que vai demorar pra sair do papel. — avalia.
Ambientes do novo centro:
Segundo a prefeitura, o centro contemplará todas essas áreas, mas o início das operações independe de todos os setores estarem concluídos.
:: Pórtico de acesso com guarita fechada.
:: 25 vagas de estacionamento para veículos oficiais e não oficiais.
:: Espaço para Guarda Municipal (incluindo os cães da corporação).
:: Depósito para material orgânico.
:: Canil coletivo.
:: Canil individual (incluindo para cães considerados raivosos).
:: Baia individual para animais de grande porte.
:: Área externa de recreação para animais de grande porte .
:: Área de gatis.
:: Ala de canis de idosos, mães e filhotes.
:: Ala de infectos e sala de descontaminação.
:: Pátio de adestramento e recreação.
:: Áreas de expansão.