Dia de reafirmar compromissos, esta segunda-feira, 12 de junho, celebra o amor entre casais e desperta o desejo de surpreender a pessoa amada. Atentos ao Dia dos Namorados e ao que a data representa, vendedores ambulantes saíram cedo às ruas de Caxias do Sul para ofertar aos apaixonados um dos símbolos que demonstram amor e carinho ao ser dado de presente: as flores.
Em semáforos e esquinas das ruas centrais, rosas, girassóis e flores do campo são vendidas avulsas ou em arranjos, com preços que variam entre R$ 10 e R$ 30, a depender da apresentação. Preços que, segundo os comerciantes, aumentaram até 50% de um ano a outro.
Há 20 anos trazendo flores com uma Kombi na esquina da Rua Garibaldi com a Avenida Júlio de Castilhos, Valdair Muller segurou o quanto pôde o repasse dos preços ao consumidor, mas neste ano precisou dobrar o valor em comparação ao que era cobrado na data anterior.
— Tenho pouca mercadoria. Está muito caro pra comprar. Ano passado, vendia a R$ 5 o botão de rosa. Hoje eu pago esse valor, para revender a R$ 10. Não quero estragar a freguesia que conquistei, não posso mudar muito o preço — disse.
Provenientes de Bom Princípio e São Sebastião do Caí, as flores nacionais vendidas nas esquinas são, em geral, mais baratas que as importadas, comercializadas em floriculturas. Em datas especiais, como nesta segunda-feira (12), no Dia das Mães e no Dia Internacional da Mulher, as vendas ganham volume e são ofertadas sem que o comprador precise sair do próprio veículo ao transitar pelas ruas.
Em um semáforo da Avenida São Leopoldo, Rodolfo Alves, 19, revendia as rosas avulsas ao preço de R$ 25. Até a metade da manhã, apenas duas tinham sido vendidas e faziam o ambulante repensar o preço.
— Trouxe 20 pra vender, preciso ganhar o meu, mas, se negociar, dá pra baixar — contou.
A comodidade de ter o produto disponível também pelas ruas agrada aos consumidores, que deram mais ritmo as vendas conforme o dia passava. William Corrêa, 34, gastou R$ 40 em dois buquês de rosas, surpresa que ainda seria incrementada com uma caixa de chocolates.
— Vou gastar uns R$ 300 ao todo. Sou casado há 11 anos e acho que é uma data que tem de lembrar e comemorar todos os anos — disse o apaixonado.
Se há quem lembre e não deixe a oportunidade de surpreender escapar, há também consumidores que já são clientes dos vendedores ambulantes e se recordou da data especial durante a compra. A enfermeira Janete da Rosa, 52, comprava flores para decorar a casa, quando lembrou que a segunda-feira comemorava a data. Em um namoro de 17 anos, Janete se considera romântica e entende que o amor deve ser celebrado sempre e não apenas em dias estabelecidos pelo calendário.
— Ele me deu um presente ontem (domingo). Pra mim, é muito importante. No nosso primeiro ano, fiz um jantar romântico, montei uma mesa linda. Sou romântica, prefiro rosas roubadas a presentes caros — revela.
Reunião para regularizar venda
Sobre as vendas pelas ruas, a Secretaria de Urbanismo de Caxias do Sul, responsável pela regulamentação do comércio ambulante, atribui à sazonalidade da data como o motivo para a maior presença de vendedores pelas ruas. O secretário Carlos Giovani Fontana confirma que a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) fez um pedido para que haja um aumento da fiscalização. Segundo Fontana, um grupo de ambulantes está organizado com a intenção de não deixar as calçadas. Como trata-se de flores, a secretaria de Agricultura também participa da discussão.
— Estamos sendo cobrados pelas entidades do comércio para tomar providências em relação aos ambulantes em geral. Até pouco tempo, com exceção de datas especiais, eram poucos que vendiam flores, e não demos a devida atenção, mas esse número aumentou. Então iniciamos uma conversa com eles pra sentarmos e acharmos um denominador comum — comenta Fontana.
Uma das alternativas é a concessão de alvarás aos vendedores. Para discutir alternativas, uma reunião entre entidades do comércio, ambulantes e prefeitura deve ocorrer na próxima semana, ainda sem data confirmada.
A reportagem procurou a CDL, que emitiu a seguinte nota:
"A CDL Caxias defende os interesses dos seus associados, que estão tendo uma concorrência desleal com os vendedores irregulares nas ruas da cidade. O código de postura do município proíbe a venda do comércio ambulante nas vias e logradouros públicos (artigo 207), estando os atuais vendedores em inconformidade com a legislação."