539 crianças vítimas de violência no interior do Rio Grande do Sul foram atendidas, desde maio do ano passado, no Centro de Referência ao Atendimento Infanto Juvenil (Crai), no Hospital Geral (HG), em Caxias do Sul. De acordo com a contagem do HG, o total de procedimentos, neste um ano, foi de 1.529.
No local, crianças e adolescentes recebem atendimento médico, psicológico, policial e pericial na mesma estrutura, evitando que seja necessário ir a vários locais para realizar esses atendimentos. Toda a rede de proteção está reunida em um mesmo ambiente no HG. Então, conversas com policiais e exames de perícias, por exemplo, são feitos no mesmo local. Assim, a vítima evita desgastes e exposição.
Ao todo, o serviço de Psicologia realizou 308 atendimentos e o de Serviço Social, 324. Já os atendimentos médicos, de ginecologia e pediatria, respectivamente, receberam 208 e 331 pacientes. Para Perícia Física, pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), foram 121 atendimentos. Já para Perícia Psiquiátrica, 237. Os Exames Laboratoriais foram os mais volumosos no Crai, com 1.772 realizados.
De acordo com a médica Sônia Madi, coordenadora do Crai, o início foi extremamente difícil por se tratar de um serviço multisetorial. Ela explica que o serviço requer sensibilidade nos encaminhamentos, porque envolve vários tipos de violência que uma pessoa até os 18 anos pode sofrer.
— O Crai envolve não apenas a violência sexual, mas a física, emocional, o abandono, o não cuidado da criança, a prostituição. Até mesmo se a criança ou o adolescente foi testemunha de alguma violência ou crime — explica.
Ela explica que, mesmo após um ano de serviço, a equipe ainda está em formação. Justamente por ser multidisciplinar e necessitar de profissionais de diversas áreas. Sônia explica que uma vítima que chega ao Crai realiza exames laboratoriais, medicamentos, atendimento de psicologia e serviço social, perícias, Instituto Médico Legal (IML), IGP e delegacia da criança e do adolescente, além do Ministério Público (MP).
— A minha avaliação é extremamente positiva, mas temos que continuar crescendo. Temos que agradecer a equipe do HG, de enfermagem e os técnicos, que aceitaram a ideia de atender esse tipo de situação, porque não é algo fácil, é árduo — complementa.
O serviço do Crai trabalha diretamente com a Delegacia da Criança e do Adolescente da Polícia Civil e, de acordo com a delegada Thalita Andrich, tem sido engrandecedor, porque os atendimentos se agilizaram.
— A importância desse serviço se dá, justamente, pela centralização dos atendimentos e pela maior agilidade e profissionalismo nesses atendimentos. A avaliação que nós fazemos é que com a criação do Crai, toda a rede de proteção precisou se reorganizar, todos os serviços que compõe a rede precisaram disso — explica.