Um detalhe sobre a quantidade de novos leitos anunciados na ampliação do Hospital Geral (HG) chama atenção. Uma publicação da prefeitura de Caxias do Sul, intitulada "Municípios da região debatem custeio de novos leitos do HG", veiculada após reunião realizada em 17 de maio para debater o custeio do novo prédio com cidades da Serra, informa que serão 83 novos leitos no anexo recém-construído ao invés de 118 leitos, como sempre constou em divulgações sobre a obra. Ou seja, haveria uma diferença de 35 leitos a menos em relação ao projeto levado a público.
"O objetivo foi mobilizar a região pela busca de recursos para possibilitar a abertura dos 83 novos leitos entregues na sexta-feira passada (28/4) pelo HG – os outros 35 já existem na ala antiga e serão transferidos, totalizando 118 na nova área", diz o texto da prefeitura.
A reportagem buscou esclarecimentos com a direção da instituição para entender a diferença nos números que vêm sendo anunciados. A explicação é de que o prédio novo comporta 117 leitos no total. A abertura será para 83 novos leitos, e outros 34 serão transferidos da ala antiga do hospital para o novo prédio.
Segundo a assessora da direção do HG, Dalma de Freitas Borges, após essa transferência, outros 35 novos leitos serão abertos na ala antiga do HG. É aqui que entra a matemática dos 118 leitos que sempre foram anunciados. Como a ala nova vai ter 117 vagas, a instituição considera que um novo leito que será aberto na ala antiga entra na conta, e com esse movimento o hospital conseguirá a prometida ampliação de 237 leitos para 355. Contudo, a ala antiga do HG ficará temporariamente sem 34 vagas.
— O novo prédio foi projetado para comportar a abertura de 83 novos leitos, especificamente destinados a unidades de terapia intensiva e internações. Como parte dessa expansão, está prevista, além dos 83 novos leitos, a realocação de leitos de UTI Adulto, UTI Neonatal e de UTI Pediátrica que estão na estrutura atual e que passarão para a área ampliada. Essa redistribuição estratégica dos leitos permitirá que o hospital, por meio de sua estrutura atual, possa abrir os novos leitos de internação — explicou Dalma.
Entre os 83 novos leitos, estão 10 vagas de UTI Adulto, 10 de UTI Neonatal, cinco de UTI Neonatal (método Canguru), uma de UTI pediátrica e 57 leitos de internações clínicas. A informação é do diretor do Hospital Geral, Sandro Junqueira, que garantiu ser um "processo rápido interno" para definir quais são serão os 35 novos leitos, que faltam para completar os 118 anunciados.
— Os demais leitos serão definidos posteriormente. Processo rápido interno.
"Custos associados já estão contemplados"
Entre os detalhes que faltam para começar as operações na nova ala do Hospital Geral, estão, principalmente, a habilitação dos leitos por parte do Ministério da Saúde e a definição de como será feito o pagamento dos custos mensais de operação do novo prédio, estimados em cerca de R$ 7 milhões mensais, ou R$ 84 milhões por ano.
Este é o montante solicitado pelo Estado ao governo federal para incrementar o Teto MAC — que é o valor máximo disponível para custeio de ações e serviços de saúde de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, transferidos do governo federal aos estados e municípios para os atendimentos SUS. Conforme registro de 5 de maio do Diário Oficial do Rio Grande do Sul, a secretaria Estadual da Saúde pede, ao Ministério da Saúde, verba somente para os 83 novos leitos.
Há também muito debate entre Câmara de Vereadores e Prefeitura de Caxias do Sul para solicitar recursos aos outros 48 municípios da Serra, além de Caxias, que são atendidos pelo sistema de saúde caxiense para viabilizar o início da operação da nova ala.
Segundo a coordenadora Dalma Borges, os 35 novos leitos que serão abertos posteriormente "não requerem habilitação adicional, e os custos associados já estão contemplados na solicitação previamente encaminhada ao Ministério da Saúde".