Foi sepultado na tarde desta quinta-feira (6), o bispo emérito de Caxias do Sul, Dom Nei Paulo Moretto. A cerimônia de despedida foi acompanhada por um dos irmãos, Júlio César Moretto, familiares, cuidadores, mais de 30 padres da Diocese de Caxias, autoridades municipais e cerca de 600 fiéis. Muitos se emocionaram ao longo da celebração de despedida.
Uma missa presidida pelo bispo caxiense, Dom José Gislon, com a distribuição da eucaristia foi celebrada durante uma hora e meia. Pertences do bispo emérito como a mitra, o anel e a cruz peitoral foram colocados dentro do caixão, o que é tradicional em sepultamentos de religiosos. O corpo de Dom Paulo foi enterrado dentro da Catedral, ao lado de Dom Benedito Zorzi, segundo bispo de Caxias que morreu em 1988. O espaço já estava preparado desde a noite anterior, devido as condições de saúde que ele apresentava.
O bispo de Caxias, Dom José Gislon, explicou que o velório de Dom Paulo foi curto devido ao início do Tríduo Pascal. Nesta quinta à noite a igreja se prepara para a Paixão do Senhor, não sendo possível celebrar missas com entrega da eucaristia até sábado. Porém, devido a importância da vida religiosa de Dom Paulo, decidiu-se que o sepultamento dele deveria ser feito com a celebração eucarística.
Gislon destacou que Dom Paulo foi bispo por mais de 35 anos em Caxias, deixando um legado de vida espiritual e comunitário. Além de Caxias, ele foi bispo em outros municípios do Rio Grande do Sul, como Cruz Alta, somando ao todo 50 anos de bispado.
O bispo diocesano salientou que o último pedido de vida de Dom Paulo foi manter-se o cuidado com os pobres.
— Dom Paulo sempre teve uma grande preocupação com as pessoas em situação de vulnerabilidade. Ao longo de seus anos enfermo, ele sempre pedia que no dia em que viesse a morrer, não se gastasse com aquilo que ia ser colocado em baixo da terra e fosse se perder. É melhor gastar com quem passa fome dizia ele.
A cuidadora, Iêda Bauermann, 46 anos, cuidou de Dom Paulo por um ano e meio até o dia da morte:
— Ele cuidou mais de mim do que eu cuidei dele. Eu só tenho a agradecer. Eu sempre disse a ele a frase: Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé, de Paulo para Paulo. (mensagem escrita por apóstolo Paulo)
O prefeito de Caxias, Adiló Didomenico, esteve no velório de Dom Paulo, acompanhado do secretário de Governo, Flávio Cassina.
— Dom Paulo foi um bispo conciliador que ajudou muito, trabalhou muito nas obras sociais, uma pessoa de bom coração, que exerceu seu cargo aqui por aproximadamente três décadas. Deixa um legado muito importante para Caxias do Sul e uma pessoa que tivemos o privilégio de conviver com ele, sempre muito afável, muito disponível em todas as vezes que a gente precisou dele e nos deixa agora, lamentamos profundamente — declarou Adiló.
O prefeito decretou três dias de luto pelas obras e tudo o que o bispo emérito representou para a cidade. Devido a outros compromissos, o prefeito não permaneceu na celebração e enterro.
Outras autoridades municipais como secretários e vereadores passaram pela Catedral. Também, religiosos de Caxias, como por exemplo, Frei Jaime Bettega, além de oriundos das cidades vizinhas de Bento Gonçalves, Farroupilha, Nova Prata e de Porto Alegre. Ainda, dioceses de outras regiões do Estado e do país enviaram mensagens que foram lidas ao final da celebração.
Dom Paulo morreu aos 86 anos, na manhã desta quinta-feira (6). Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Unimed em Caxias. Dom Paulo estava internado há mais de um mês. Ele morreu por volta das 9h20min e, segundo o atestado de óbito, teve infecção generalizada, pneumonia, AVC isquêmico e hidrocefalia.