Após o caso em que 207 trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados em Bento Gonçalves, entidades locais criaram um comitê para fomentar a fiscalização de alojamentos e empresas, visando evitar novos casos. A criação faz parte das medidas adotadas pela prefeitura e setor produtivo do município. Segundo o prefeito Diogo Siqueira, o Executivo municipal tem recebido denúncias de locais de hospedagem irregular pela população.
Siqueira destaca que uma série de ações estão sendo alinhadas para que novos casos não venham acontecer. A primeira reunião entre os envolvidos ocorreu na segunda-feira (27) e a aprovação da criação do comitê ocorreu nesta quinta (2). O prefeito afirma que, em reunião com o governo do Estado, também está sendo estudado um cadastro estadual de trabalhadores safristas que venham ao Rio Grande do Sul para atuar em colheitas.
Já em relação às novas denúncias que a prefeitura tem recebido, Diogo Siqueira comenta que a ajuda da população tem contribuído para um plano de monitoramento e fiscalização. Na quarta (1º), 24 trabalhadores ligados ao empresário investigado Pedro Augusto de Oliveira Santana, foram retirados de uma pousada interditada pela prefeitura e pelos bombeiros, por falta de alvará e plano de prevenção e proteção de combate a incêndio (PPCI).
— O fato é lamentável, que entristece a todos nós. Mas, desta situação, a gente precisa tomar ações para evitar que isso aconteça de novo, neste momento que a gente está agora. A gente precisa aprender com o que aconteceu e precisa listar ações num pacto de sociedade para evitar que isso aconteça de novo — pontua Siqueira.
Entre as entidades do setor produtivo envolvidas estão Consevitis, Uvibra, Fecovinho, Agavi, Sindivinhos, Asbrasuco, Comissão Interestadual da Uva, Centro da Indústria Comércio e Serviços, Conselho Municipal do Turismo, Bento Convention & Visitors Bureau, Segh Uva e Vinho, Aprovale e associações e rotas Rio das Antas, Encantos da Eulália, Cantinas Históricas, Associação dos Guias de Turismo e Caminhos de Pedra.
Sobre o pedido, através da Justiça, de interdição da pousada alvo da operação do último dia 22, o prefeito explicou que há, inclusive, um pedido de demolição do local, devido a irregularidades apontadas pela vigilância sanitária e pelo planejamento urbano. A reportagem tentou contato com o proprietário da pousada, Fábio Daros, mas até o momento, não teve retorno.