O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é uma data de luta pela afirmação da dignidade e contra todas as formas de violência e discriminação que as mulheres sofrem no dia a dia. Para celebrar a data, diversas ações serão promovidas em Caxias do Sul para homenagear e reafirmar as conquistas das mulheres até os dias atuais. As ações foram programadas pela Coordenadoria da Mulher em parceria com a Rede de Proteção da Mulher e com o Grupo Mulheres do Brasil, que organizou atividades de prevenção à violência e de conhecimento de proteção da mulher.
A programação começou por volta das 8h30min desta quarta-feira (8), na Câmara de Vereadores, com a exibição do vídeo “Nossas Vidas Importam”, da Procuradoria Especial da Mulher (PEM). Das 10h às 12h, na Praça Dante Alighieri, ocorreu uma ação de orientação para chamar a atenção e mostrar como buscar ajuda para combater a violência doméstica. Foram entregues a quem passava pela praça, na Júlio de Castilhos, um folder com os telefones úteis para casos de violências e também o Violentômetro, para mostrar que a violência está sendo medida.
O material foi lançado durante o Agosto Lilás de 2021 , e para este ano foi reeditado. Em formato de marca texto e dividido em cores, orienta as mulheres sobre como identificar sinais de violência e onde buscar ajuda. Acima consta o seguinte: Violentômetro - tome uma atitude antes que seja tarde demais. Há uma régua ao lado com número de 1 a 18. O primeiro item se chama Cuidado - a violência pode aumentar. Nele consta o seguinte: chantagear, mentir e enganar, ignorar, ciúmes excessivo, ofender e humilhar, intimidar e ameaçar, proibir e controlar.
O segundo estágio é Reaja - denuncie e peça ajuda quando as ações forem: destruir bens materiais, machucar e agredir, empurrar, golpear e chutar. Já o terceiro se chama Alerta - sua vida está em perigo. Esse é para os casos de confinar e prender, ameaçar com armas, ameaçar de morte, abusar sexualmente, espancar e mutilar e matar - feminicídio. No final está o telefone 180 para denúncias. A auxiliar de laboratório Talia da Silva de Fraga, 21 anos, recebeu o material das mãos da soldado da Patrulha Maria da Penha Catiele de Carvalho Pereira. Moradora do bairro Pioneiro, ela perdeu uma tia em 2020, vítima de feminicídio.
— Essas ações são importantes, porque muita gente não tem conhecimento do que fazer para ajudar. Em 2020, minha tia foi vítima de feminicídio em Canela. A família não sabia de nada, ela nunca nos contou das agressões, acredito que por vergonha. Com acesso a informação, talvez percebêssemos os sinais.
Sibele Braga da Silva, 23, técnica em patologia, também ressaltou como é importante ter acesso a informações e contatos para buscar ajuda ou ajudar quem precisa e denunciar situações de violência.
— A violência doméstica não começa na agressão, e nem sempre nos damos conta que ela está na tentativa de coibir, da posse, do ciúmes e do controle. É bom saber que temos a quem recorrer.
Para a soldado Carvalho, que está há seis anos na Patrulha Maria da Penha, o trabalho é para conscientização e contato com as mulheres, para falar sobre as ações da BM e de toda a rede de apoio:
— Como patrulheira e como mulher, eu vejo nos olhos delas que elas não tinham conhecimento desse trabalho e que existe um apoio para elas, caso precisarem. Em todas essas situações de violência que existe, muitas vezes a mulher se sente desamparada e muitas vezes elas não têm conhecimento dos tipos de violência que existem. A violência não é só a agressão física, mas aquele xingamento, aquele controle também é uma forma de violência.
Ela destaca que quando fazem essas atividades elas têm acesso aos tipos de violência para identificar dentro de um relação o que estão vivendo e buscar ajuda junto à rede.
Rede de Apoio
A maioria das mulheres era receptiva à equipe que entregava o material e que pedia que orientasse amigas, familiares e vizinhas caso necessário. Ainda houve quem se aproximou com receio, mas ao mesmo tempo com curiosidade. A titular substituta da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) em Caxias do Sul, delegada Thalita Andrich, ressalta que união da rede de proteção para tentar chegar a um grande números de pessoas e informar. Quem passava por ali, recebia uma cartilha da Polícia Civil, junto com os demais materiais entregues pela prefeitura e pelo Grupo Mulheres do Brasil.
— Reunimos todas as forças para essa ação de conscientização e de orientação com distribuição de material para orientar quem tem dúvidas a respeito de todos os fluxos dos serviços que compõem a rede. Todas gostam de receber material, e agradecem pelo acesso às informações — afirma a delegada.
A advogada Tamyris Padilha, que coordena do Grupo Mulheres do Brasil, ressalta que, muitas vezes, a vítima não nota a escalada da violência, que começa com xingamentos, mentiras, chantagens, ciúmes, controle sobre o que ela veste, onde vai e o que pode ver.
— O Violentômetro é um instrumento que mostra essa escalada da violência para que as mulheres percebem o sinais, e que a violência vai aumentando. Por isso, estamos aqui para conscientizar as pessoas.
A titular da Coordenadoria da Mulher, Eliane Acioli Vieira, também ressalta a necessidade de informar a comunidade:
— Quem está em situação de violência tem onde buscar ajuda. Nós vamos nas escolas e empresas para levar essas informações e ajudar quem precisa.
Programação
À tarde a partir das 14h, no CRA’S São Marcos, acontece a palestra “Empoderamento Feminino”, ministrada pela psicóloga do Centro de Referência da Mulher (CRM), Tatiana Vieira dos Santos Leidens e pela assistente social da Coordenadoria do Idoso, Nicole Fidler. No mesmo dia, às 16h30min, na Livraria Do Arco Da Velha acontece a roda de conversa e apresentação do e-book: “Com você ando melhor: psicologia e mulheres no enfrentamento à violência”, de autoria de Manueli Tomasi e Raquel Conti. A programação finaliza às 19h30min, no Hospital Pompéia, com a Sessão Clínica – Relacionamentos Saudáveis e a Rede de Proteção à Mulher, com a coordenadora da Coordenadoria da Mulher de Caxias do Sul, Eliane Acioli Vieira.
A programação segue até o fim do mês de março.
ONDE BUSCAR AJUDA
:: Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam): (54) 3220-9280
:: Patrulha Maria da Penha: (54) 98423-2154 (o número está disponível para ligações e mensagens de WhatsApp)
:: Central de Atendimento à Mulher: telefone 180
:: Coordenadoria da Mulher: (54) 3218-6026
:: Centro de Referência daMulher: (54) 3218-6112
:: Sala das Margaridas: atende na Central de Polícia, onde funciona a Delegacia de Pronto-Atendimento, na Rua Irmão Miguel Dario, 1.061, bairro Jardim América. O atendimento especializado funciona 24 horas