Três represas de Caxias do Sul encontram-se com a capacidade abaixo de 80%, nesta terça-feira (14): Complexo Dal Bó (65,08%), Samuara (77,64%) e Faxinal (77,74%). Conforme o o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), uma série de fatores está impactando nos níveis das barragens, mas o principal deles é a falta de chuvas registrada novamente neste verão.
— O índice pluviométrico da cidade está bastante pequeno. Em janeiro, tivemos seis dias de chuva, em volumes pequenos, e isso diminuiu bastante a umidade do solo, que não está abastecendo devidamente os lagos através das bacias. As altas temperaturas também causam a evaporação das águas e aumentam o consumo. É a natureza que está impondo esse tipo de coisa — explica o diretor-presidente do Samae, Gilberto Meletti.
Também há especificidades relacionadas ao Complexo Dal Bó e ao Faxinal que podem ajudar a explicar o cenário atual:
— Na Dal Bó, por ser urbana, o abastecimento natural das águas pelas bacias de captação é menor, então, sempre existe maior redução do volume de água. Já o Faxinal tem um grande consumo, porque atende a um volume bastante grande da cidade, em torno de 50% do município — justifica Meletti.
Outro ponto que precisa ser observado, segundo o diretor-presidente da autarquia, é que os índices pluviométricos variam de região para região, dentro do próprio município.
— Se num local chove mais do que em outro, também temos essas características. Mas, enfim, o que causa tudo isso é a estiagem.
Questionado sobre qual é um nível preocupante das represas, que pode gerar alertas e decretos, Melleti diz que é "muito relativo".
— Depende que se tenha umidade no solo que venha trazendo a água. Por exemplo, ano passado, chegamos em março com 3,7% de umidade. Semana passada, estávamos com 13,7%. Logicamente que não é um nível bom, mas garante abastecimento. Por enquanto, estamos considerando que não é necessário estabelecer qualquer tipo de decreto — finaliza o diretor-presidente do Samae.
Em janeiro de 2022, a prefeitura de Caxias do Sul publicou um decreto com medidas para que a população racionalizasse o uso de água. À época, o Complexo Dal Bó operava com 56,94% da capacidade, quase 10% a menos que nesta terça e a cidade enfrentava as consequências da forte estiagem. O decreto foi revogado em maio.
Nível das represas*
Maestra: 92,46%
Faxinal: 77,74%
Marrecas: 92,02%
Dal Bó: 65,08%
Samuara: 77,64%
*Dados do Samae desta terça-feira (14).