“Amor não fere, denuncia”, “Todas por uma, todas por elas”, “Mexeu com uma, mexeu com todas”, "Em briga de marido e mulher, a gente mete a colher” e “Liga 180” foram alguns dos gritos de mulheres, meninas e famílias que buscam alertar a sociedade sobre as formas de violência contra as mulheres e conscientizar para a luta que busca o fim desta preocupante realidade. Em Caxias do Sul, o recado foi dado na Caminhada pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas, realizada na manhã deste domingo (5), que reuniu cerca de 250 pessoas. Foi a segunda vez que o núcleo caxiense do Grupo Mulheres do Brasil realizou o ato no município.
A concentração começou às 9h, no largo da prefeitura. Ali, apoiadoras pegavam as camisetas laranjas — cor escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a causa — e conferiam uma ação itinerante da Patrulha Maria da Penha de Caxias. Nela, camisetas expostas indicam atos de violência em um relacionamento. Ao mesmo tempo, o “violentômetro”, chamando atenção para as mesmas atitudes, e uma colher simbólico, com o recado de “meter a colher”, foram distribuídos.
— Essa caminhada representa a união de toda a sociedade em prol de chamar atenção desta causa, que é tão importante para a gente. A violência adoece nossa sociedade e nós precisamos eliminar essas estatísticas, que são entristecedoras, de violência doméstica, de violência contra mulheres e meninas — declara Celiz Frizzo, uma das líderes do núcleo de Caxias do Grupo Mulheres do Brasil.
A caminhada percorreu o Centro pela Avenida Júlio de Castilhos e Rua Doutor Montaury, passando pela Praça Dante Alighieri e terminando no Parque dos Macaquinhos, com show de Nicolle Lima. No grupo da caminhada estava a educadora Maria Alceri Oliveira, 62 anos. Mãe de duas mulheres e avó de seis meninas, a apoiadora queria deixar a mensagem de que uma mudança é necessária na sociedade.
— A importância é que é a força para parar com essa violência, principalmente que está tão massacrante para gente. Eu já tive história de uma filha. Tenho sete netas, seis mulheres e um homem. Então, quero vir dar meu apoio e minha força para que se dê um basta nisso — relata Maria.
“É pela Angélica”
No último dia 27, Angélica Schena, 28 anos, morreu após ser arrastada por um veículo, em Caxias. O caso foi relembrado pelas manifestantes, que também gritaram: “É pela Angélica”. Com apoio da Coordenadoria da Mulher, ligada a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social, a Caminhada faz parte da programação 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, que segue até o dia 10 de dezembro (veja a programação abaixo).
Com palestras e ações em escolas, Universidade de Caxias do Sul (UCS), prefeitura e em Unidade Básica de Saúde (UBS), a programação busca conscientizar e compartilhar informações que salvam vidas.
— As ações nas escolas reverberam de uma forma um tanto intensa. Porque estamos falando com a gurizada e vão levando para famílias. Algumas famílias acabam acessando os nossos serviços por essa informação. Alguns estudantes também nos procuram após as ações para pedir orientação sobre situações que vivenciaram. Esse é o impacto que podemos mensurar — avalia Sonia Rossetti, titular da Coordenadoria da Mulher.
A caminhada também chega para dar visibilidade aos serviços da Rede de Proteção à Mulher. Como conta Sonia, apenas 40% das mulheres que realizam algum tipo de denúncia acabam conversando com a rede, e um número ainda menor se mantém nela.
— Queremos sensibilizar a sociedade como um todo. Pode parecer que o problema é só da mulher e quem convive com ela, mas não é. A rede tem saúde, segurança, assistência social, instituições privadas que oferecem algum tipo de apoio e capacitação para inserção no mercado de trabalho. A ideia é que a gente possa contribuir principalmente com mulheres em situação de vulnerabilidade para que possam ocupar espaços em benefício próprio, mas que consigam fortalecer para o rompimento do ciclo da violência — explica a coordenadora.
Como buscar ajuda
A Central de Atendimento à Mulher tem o número nacional, o 180, para denúncias e pedidos de ajuda. Existem também outros órgãos que oferecem assistência e orientação em Caxias:
:: Coordenadoria Municipal da Mulher / Centro de Referência para a Mulher
Prefeitura Municipal de Caxias do Sul
Rua Alfredo Chaves, 1333
Bairro Exposição
Telefone: 3218.6026
:: Conselho Municipal dos Direitos da Mulher
Rua Visconde de Pelotas, 449
Telefones: 3215.4320 ou 3215.4240
:: Delegacia da Mulher
Rua Dr. Montaury, 1387 (1º andar)
Bairro Centro
Telefones: 3221.1351 ou 3202.1921
Função: registra ocorrência policial, com hora marcada, e investiga os casos
:: Plantão Centralizado da Polícia Civil
Rua Marquês do Herval, 1585
Bairro Centro
Telefones: 3214.8876
Função: registra ocorrência policial
:: Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) - 24h
Telefone: 190
Função: registra ocorrência de emergência e desloca a Brigada Militar para atendimento
:: Central de Atendimento à Mulher - (nacional) - 24h
Telefone: 180
Função: tira dúvidas sobre como proceder em caso de violência e orienta sobre como e onde buscar ajuda
Programação dos 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres
A programação segue até o dia 10 de dezembro em Caxias do Sul, se encerrando no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
05/12
- 9h (Atividade aberta ao público)
Mezanino - Centro Administrativo
Abertura da exposição do Centro de Referência da Mulher
- 14h (Atividade aberta ao público)
Auditório
Seminário: Cuidados e fluxos na proteção da mulher em situação de violência – Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, Delegacia da Mulher, Centro de Referência da Mulher, Casa de Apoio Viva Rachel, Patrulha Maria da Penha e Guarda Municipal
06/12
- 13h30min (Atividade aberta ao público)
Bloco 58 UCS
Conferência: Agravos à saúde mental no contexto da violência doméstica - 14h (Atividade restrita)
CREAS NORTE
Atividade com as famílias acompanhadas
07/12
- 9h (Atividade restrita)
EMEF Dolaimes Stedile Angeli – Palestra sobre os tipos de violência e a rede de proteção à mulher - 19h30min (Atividade restrita)
Roda de conversa com alunos da EJA sobre Violências e a Rede de Proteção à Mulher – EMEF Dolaimes Stedile Angeli
08/12
- 14h30min (Atividade restrita)
UBS Vila Ipê
Café com conversa sobre os tipos de violência e a rede de proteção à mulher
09/12
- 18h (Atividade aberta ao público)
Auditório 302 - Bloco E UCS
Roda de Conversa sobre a Participação da Mulher nos espaços de poder