Para uns, um hábito velho; para outros, um hábito retomado. Quem circula pelo centro de Caxias do Sul já nota que as máscaras, aos poucos, voltaram a ser usadas por mais pessoas em função da nova onda de covid-19. Seja nas ruas ou dentro dos estabelecimentos, a proteção contra o vírus parece ter voltado com mais força a partir do surgimento da BQ.1, uma subvariante da ômicron.
A aposentada Ivete Gaiardo, 60 anos, conta que voltou a usar máscara por notar o aumento de casos de covid-19 nas últimas semanas.
— Eu já não aguentava mais usar, mas agora retornei porque já está aumentando o número de casos. Ainda não tive covid-19 nenhuma vez, aí resolvi, por uma questão de segurança, principalmente onde tem muita gente, como banco, locais de saúde, voltar a usar — comenta Ivete, enquanto fazia feira no Ponto de Safra na manhã desta sexta-feira (25).
Outra mulher que passava pela Praça Dante Alighieri, mas que não quis ser identificada, diz que também voltou a usar por conta das novas variantes:
— Eu parei de usar logo que liberou a obrigação do uso, mas agora, com essa nova cepa, voltei a usar máscara.
Já o aposentado Amilca Kuver, 79, diz que nunca deixou de utilizar máscara. Ele acrescenta que, nos últimos três anos, não pegou nenhuma gripe. Além da proteção facial, Kuver se blinda com as quatro doses da vacina contra covid-19 já tomadas.
— Depois (do uso) nunca mais peguei gripe. Eu e minha mulher sempre usamos. Os caras me criticam falando "está doente?". Eu vou usar sempre, não adianta — destaca o aposentado.
Assim como Kuver, a também aposentada Maria Eloi da Silva, 66, também não deixou de usar a máscara. Ela diz que se sente mais protegida:
— Eu não peguei covid-19 até agora, já tive muitos exemplos aí, e não vale a pena arriscar.
Ao olhar para o interior das lojas no Centro, o uso de máscara por parte de funcionários não é tão comum. Porém, o atendente de farmácia Augusto Soares, 19, optou em não deixar de usar a proteção, visando seu bem estar e também o de sua família:
— Em momento algum parei de usar. Como a gente trabalha no comércio, estamos sempre em contato com pessoas contaminadas, então, pela minha segurança e da minha família, preferi continuar usando.
A máscara como proteção contra a covid-19 deixou de ser obrigada no Rio Grande do Sul no final de abril deste ano. No entanto, mesmo antes da assinatura do decreto pelo governador Ranolfo Vieira Júnior no dia 28, diversos municípios gaúchos já haviam tornado facultativa a utilização do equipamento de proteção. O uso da máscara desde então era opcional em espaços públicos e privados, tanto ao ar livre como em ambientes fechados. O decreto recomenda a utilização da proteção sobre a boca e o nariz em situações específicas, como transporte público, hospitais e farmácias.
Todo cuidado é pouco
Neste mês, 70% dos casos de covid-19 analisados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), no Rio Grande do Sul, detectaram a BQ.1, uma subvariante da ômicron. Em função deste avanço, na última quarta-feira (23), a Secretaria Estadual da Saúde (SES) divulgou nota técnica orientado que a população reforce os cuidados contra a covid-19.
Segundo a SES, esta subvariante apresenta maior capacidade de transmissão, fazendo com que o número de diagnósticos positivos para a doença passasse de 7% no começo de outubro para 24% no começo de novembro. Em três semanas, a elevação no números de casos subiu 247%.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Caxias afirma estar monitorando a situação e informa que, no momento, não há aumento de casos que necessitem de internação em enfermaria ou Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Até o momento não há novas orientações por parte da prefeitura de Caxias, além do estímulo à vacinação, que ainda não tem previsão de ampliação da faixa etária.
Obrigatória nos aeroportos
O uso de máscaras voltou a ser obrigatório nesta sexta-feira, dentro de aviões e em áreas específicas de aeroportos brasileiros. Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a medida ocorre em razão do aumento de casos de covid-19 e da sazonalidade da doença, que registrou elevação de transmissões em outros anos no período de novembro e janeiro. Também foi considerado o crescimento de viajantes na época de férias.