O Parque do Caracol, em Canela, passará por revitalização na segunda quinzena de novembro e tem reinauguração prevista para próximo dia 30, com abertura a público em 1º de dezembro. Esse é o primeiro reflexo da concessão dos 25 hectares relativos a área de visitação do espaço, que totaliza 100 hectares. O contrato foi assinado na última quinta-feira (3) entre o governo do Estado e a concessionária Novo Caracol, mantida pela Iter Parques, administradora do bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.
A realização das obras vai exigir a interrupção da visitação por pouco mais de uma semana, a partir do dia 21 deste mês. Conforme o gerente geral do Parque do Caracol, Rafael Silveira, as intervenções consistem em melhorias na infraestrutura para tornar o ambiente mais amigável aos visitantes. Entre elas estão reforço na sinalização, manutenção de trilhas, podas e implantação de estacionamento. As obras serão realizadas por uma equipe terceirizada contratada pela concessionária.
Uma vez concluída a primeira etapa, a nova administração dará início à transição operacional. Para isso, a equipe que está chegando trabalhará em conjunto com a atual gestão do parque ao longo de toda a alta temporada, que segue até fevereiro. A partir daí tem início a fase de operação definitiva, quando o empreendimento deve receber investimentos mais robustos. Para 2023, por exemplo, estão previstos dois novos atrativos. Os detalhes, contudo, não são divulgados porque a localização deles dentro do parque e outros detalhes ainda não foram decididos.
Com a nova gestão, os ingressos para o acesso à área - atualmente em R$ 30 - também serão revistos. Os valores ainda não estão definidos, mas Silveira garante que benefícios concedidos atualmente serão mantidos.
— Vai ficar um valor ainda muito atrativo em relação aos demais players da Serra, que tem ticket médio de R$ 100 a R$ 150. O canelense vai continuar a ter gratuidade e o gramadense terá desconto de 50% — destaca.
Conforme o secretário executivo de Parcerias do Estado, Marcelo Spilki, o contrato dá liberdade à concessionária para definir a política tarifária:
— Ela pode colocar em prática a política que quiser. Claro que se colocar preço alto demais não vai ter sucesso.
A área de lazer recebe atualmente 370 mil visitantes por ano. Com os investimentos e implantação de novos atrativos, o consórcio Novo Caracol ampliar esse número para 500 mil já em 2023. Até 2026, a meta é chegar a um milhão de visitantes anuais.
O contrato de concessão do Parque do Caracol inclui também o Parque Estadual de Tainhas, em São Francisco de Paula, Jaquirana e Cambará do Sul e tem prazo de 30 anos. Ao longo do período, deverão ser investidos R$ 47,6 milhões nas áreas, dos quais R$ 23,7 milhões obrigatoriamente devem ser aportados nos primeiros seis meses. Outros R$ 417,3 milhões devem cobrir as despesas operacionais ao longo de todo o período de concessão.
Para o Caracol, a ideia é investir nas atividades de aventura, como arvorismo e tirolesa, enquanto no Tainhas, estão previstas atividades aquáticas e de hospedagem, como, por exemplo, camping. A remuneração da concessionária será por meio da cobrança de ingresso e 3% do total bruto arrecadado por mês deverá ser repassado ao Estado.
O consórcio Novo Caracol disputou a concessão dos parques com outras duas candidatas. A proposta vencedora ofereceu outorga (valor a ser pago ao Estado) de R$ 150 milhões, um ágio 5.341,15% em relação ao valor mínimo exigido, de R$ 2,7 milhões. De acordo com Spilki, com a assinatura do contrato, a concessionária precisa agora apresentar o plano de transição e tem prazo de 30 dias para assumir. Diante do cronograma já divulgado, porém, a expectativa é de que não seja utilizado todo esse tempo.
Tainhas fica para 2023
Apesar do Parque Estadual de Tainhas estar contemplado na concessão, os primeiro investimentos na área estão previstos somente para 2023. O motivo, segundo Rafael Silveira, é concentrar os esforços inicialmente no Parque do Caracol, um destino turístico consolidado. A partir de fevereiro, quando termina a temporada de verão no Caracol, terá início o projeto de melhorias na área dos Campos de Cima da Serra.
— Optamos por dar prioridade ao Caracol porque já é uma operação madura. No Tainhas ainda é preciso desenvolver operação e público — explica.
O parque conta com seis mil hectares ao longo do Rio Tainhas, mas a área de visitação, alvo da concessão, representa 1,5% da área total. Entre os atrativos mais conhecidos da área de conservação estão as localidades de Passo do S e Passo da Ilha.
A primeira medida acertada com o Estado é a reforma do espaço utilizado por pesquisadores da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), que está deteriorado pela falta de manutenção.
— Eles têm várias obrigações pelos próximos dois anos, mas devem começar por isso — relata o secretário executivo de Parcerias do Estado.