Grupo de amigos apaixonado pelo ronco dos motores e muita lama, o Camelos da Serra Jeep Club, de Caxias do Sul, completa 25 anos nesta segunda-feira (17). A longevidade é explicada por ser um clube que envolve as famílias e, claro, pela paixão. O desejo de sair com o seu veículo de tração nas quatro rodas, encontrar novas trilhas e explorar os próprios limites segue vivo nestes aventureiros de final de semana.
A formação dos Camelos da Serra é dita como um processo natural. Um dos fundadores, o vendedor Marcos Amadori, 54 anos, lembra que as amizades surgiram pelo interesse em comum de pilotar seus jipes em estradas de chão.
— Lembra que 25 anos atrás não tinha internet. A gente combinava as trilhas por telefone. Um convidava o outro e uma rede de amizade se formou. Tenho guardado até hoje as malas diretas (pelos Correios) que a gente divulgava, afinal nem todos tinham celular. A criação do Jeep Club foi uma forma de organizar — conta Amadori, que assumiu o papel de historiador dos Camelos da Serra.
Em 1997, o Jeep Clube nasceu pela união de 15 fundadores. Hoje, são 34 sócios e suas famílias. Daquele início, três fundadores continuam ativos. Além de Amadori, o mecânico Valmir Mazuchini, 58, e o empresário Márcio Cardoso, 54.
— Nascemos do amor de andar de jipe e fazer trilha. Andar no barro, no meio do mato, na água... Fomos reunindo pessoas e crescendo. Só que hoje, é a amizade, a integração entre as famílias. É uma segunda família para todos — salienta Amadori.
Nos primeiros anos, o Camelos da Serra realizava uma trilha por semana. Na época, o clube participou de competições, mas logo percebeu que não era este o intuito da união. Os aventureiros são de final de semana. Mais velhos e com mais responsabilidades, a média de trilhas diminuiu para uma por mês.
— O que gostamos são caminhos de difícil acesso, geralmente no meio do mato, onde tem muito barro, erosões e morros. É o que gostamos, mas está cada vez mais longe de Caxias. Antigamente, qualquer lugar tinha uma trilha. Onde é o shopping hoje (Villagio, próximo ao bairro Desvio Rizzo), era só mato. A gente ia lá e se divertia a tarde inteira. No bairro Cruzeiro, também tinha um monte de trilha. Hoje, só tem casa. Tudo ficou mais longe. E, claro, compromissos. Vejo por mim, com meu filho (Richard, de um ano e quatro meses), o tempo escassa bastante — comenta Amadori.
Entre as trilhas históricas do Camelos da Serra, destaque para a Estrada do Inferno, entre Mostardas e São José do Norte, a Rota dos Faróis na Lagoa dos Patos, a beira-mar pela Praia do Cassino, e a trilha do Cânion Josafaz, em Três Forquilhas. Estas foram grandes rotas, com planejamento e acampamento. Na rotina de final de semana do clube, as trilhas são feitas nos Campos de Cima da Serra.
— Já passamos alguns percalços. Atolar o jipe é normal. Já teve jipe virando no rio que estava muito alto. As fotos até foram parar numa revista nacional. De pegar chuva demais e não conseguir montar as barracas. Lembro que encontramos um galpão enorme, na beira da estrada, e todo mundo montou a barraca lá dentro. Apertamos todos e foi uma noite muito divertida. A dificuldade é justamente a brincadeira. É o que nos desestressa. É o que nos une e nos move — conta o fundador dos Camelos da Serra.
Para quem gosta de jipe e de aventura, o clube está sempre aberto. O único requisito é ter um veículo de tração quatro rodas e o interesse em fazer trilhas.
— Quem quiser, está convidado. Fazemos uma "adaptação" de uns seis meses, em que a pessoa vai participar de todos os nossos eventos, conviver com a gente. Se continuar com a gente, será associado automaticamente. Temos sócios de 18 a 70 anos, de todas as classes sociais. No jipe, no barro, todos são iguais. Nosso clube não é para arrecadar dinheiro, é para reunir amigos.
Quem quiser entrar em contato ou acompanhar as aventuras do Camelos da Serra, pode acessar a página do grupo no Facebook.