Foi apresentado e inaugurado oficialmente na tarde desta quinta-feira (29), em Caxias do Sul, o Centro Regional de Referência em Transtorno do Espectro Autista (CRR TeAcolhe), que funcionará junto à Unidade Auditiva do Centro de Saúde Clélia Manfro, no Complexo Virvi Ramos, no bairro Madureira. Os trabalhos ocorrem em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, a partir do programa TEAcolhe, e as seis prefeituras da área de abrangência.
Além de Caxias do Sul, o Centro Regional de Referência atenderá aos municípios de Canela, Gramado, Linha Nova, Nova Petrópolis e Picada Café. A equipe técnica tem profissionais de Neurologia, Psiquiatria, Psicologia e Fonoaudiologia. A chamada equipe de apoio, que poderá auxiliar nos casos, também é composta pelas áreas de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Nutrição, Enfermagem, Pedagogia e Psicopedagogia. Ao todo, a estrutura conta com 17 salas à disposição para atendimentos.
Os serviços do CCR TeAcolhe são voltados a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sejam crianças, adolescentes ou adultos, com diagnóstico severo ou grave, ou ainda os chamados refratários — quando há dificuldade para evolução do quadro do paciente. Todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Não haverá atendimento por demanda espontânea. Os casos são encaminhados pelas redes (Saúde, Educação e Assistência Social) dos seis municípios, após serem esgotadas todas as alternativas de intervenção na cidade de origem.
A coordenadora do Centro Regional de Referência TEAcolhe, em Caxias do Sul, a fonoaudióloga Aline Aita, explica que, contratualmente, estão previstos, no mínimo, 20 atendimentos mensais, mas que a equipe pretende garantir o acolhimento e encaminhamento das demandas recebidas. Pelo serviço, o Virvi Ramos recebe R$ 30 mil/mês, usados para pagamento da equipe do Centro.
— É um programa de acolhimento, é difícil pensar em números. Vai depender muito do caso, do que o município está oferecendo para esta pessoa... São cidades com perfis muito diferentes. Vamos precisar sentir (a demanda) e identificar — detalha Aline.
Ela também pontua que o trabalho do CCR TeAcolhe vai além dos atendimentos em consultório:
— O nosso foco é muito mais em capacitação da rede, fortalecimento das pessoas que estão atendendo os usuários nos seus municípios, até para evitar o deslocamento e o desgaste, porque sabemos que o autista pode ter bastante dificuldade de sair do seu ambiente. Por exemplo, se esse paciente é acompanhado por uma equipe do município e o médico está com dúvida de um medicamento, ele será encaminhado para cá e o caso será discutido, avaliado — explica a coordenadora.
As atividades iniciarão com o mapeamento dos locais de atendimento ao autismo na região, incentivo à adesão à Carteira de Identidade do Autista e capacitação para as redes básica de Saúde, de Educação e de Assistência Social. O CCR TeAcolhe estará alinhado ao Centro Macrorregional de Referência (CMR), com sede em Gramado, e que possui abrangência de 49 municípios. Os CMRs, por sua vez, não prestam atendimento direto à população autista.
A fundadora do Instituto UniTEA, Raquel Ely, celebrou a inauguração do Centro. A organização da qual ela está à frente apoia e dá suporte às crianças com autismo na Serra gaúcha.
— Sabemos que cada vez mais vamos precisar destes serviços. Só podemos comemorar e ficar contentes que teremos para onde encaminhar as nossas crianças. Fazia falta essa interdisciplinaridade entre os serviços. Nós, famílias, temos bons profissionais, mas precisamos que conversem entre si, cheguem a um consenso — afirma.
O evento de inauguração dos serviços teve a presença de autoridades municipais e estaduais, além de representantes de entidades ligadas à causa. A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, participou do encontro por meio de videochamada.