O aumento nos períodos de seca fez com que produtores e empresas procurassem alternativas para suprir a falta de água. Armazenar a água da chuva é uma das opções, principalmente nos meses de maior deficiência hídrica, entre dezembro e março, onde a produção agropecuária é maior.
Segundo a Emater, nos últimos três anos houve déficit na disponibilidade hídrica no Rio Grande do Sul, não somente para o uso na agropecuária, mas também para o consumo básico das pessoas. E, dentro das estimativas apontadas, a cada 10 anos, em sete as pessoas sofrem com a falta de água.
— Temos uma precipitação média de 120 milímetros por mês no Rio Grande do Sul, um número considerado muito bom e suficiente para atender as demandas. O que temos que fazer é encontrar formas de fazer esta água infiltrar, além de meios de armazenamento para atendimento das múltiplas necessidades da sociedade e da natureza — explica Adelaide Juvena Kegler Ramos, engenheira florestal e assessora técnica em recursos naturais da Emater.
O aproveitamento da água da chuva é uma forma de diminuir os efeitos da estiagem. Outra vantagem é a redução das necessidades de obras de drenagem em terrenos, uma vez que o escoamento é feito até as cisternas.
— O armazenamento em cisternas é uma fonte que pode substituir, parcial ou integralmente, as fontes superficiais e subterrâneas. E contribui para a segurança hídrica da propriedade. Ou seja, ter água disponível em quantidade, com qualidade, com uso racional, pode ser o suficiente para atender as demandas — comenta Adelaide.
Programa Irriga+RS
Dentro do Programa Avançar da Emater existe o Irriga+RS, em parceria com o governo do Estado, que possibilita a parceria de municípios e agricultores para a abertura de açudes e reservatórios de armazenamento a fim de diminuir perdas durante períodos de seca.
— Visamos a construção de cisternas para beneficiar 1,5 mil famílias, trazendo a segurança no abastecimento, principalmente para os animais e pequenas irrigações de subsistência. Além de cisternas enterradas, com capacidade de 30 a 50 mil litros— explica Adelaide.
Os pré-requisitos para participar do programa são ser produtor rural, ter interesse em aderir ao Programa Estadual de Irrigação e disponibilidade de espaço. O Irriga+RS é totalmente gratuito e, para se inscrever, o contato deve ser feito presencialmente no escritório regional da Emater, localizado na Avenida Júlio de Castilhos, 2.555, sobreloja. Os documentos necessários são inscrição no Programa Estadual de Irrigação, título ou registro do imóvel e Cadastro Ambiental Rural (CAR). Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (54) 3223.5633 ou pelo e-mail caxiasdosul@emater.tche.br.
Conheça iniciativas que utilizam métodos de captação de água da chuva em Caxias do Sul
Em Caxias do Sul, uma empresa de acrílicos adaptou a estrutura para a captação de água da chuva por sistemas de calhas direcionadas. As quatro cisternas tem capacidade de armazenar cerca de 300 mil litros de água. O sistema foi implantado desde a construção da nova sede da empresa, em 2008.
— Para a produção, utilizamos a água captada para o sistema de água industrial (resfriamento de todas as máquinas), irrigação dos jardins, descarga de banheiros e alimentação do sistema de combate a incêndios — explica Roberson Figueira de Souza, supervisor de Qualidade e Meio Ambiente.
A empresa utiliza também reservatórios subterrâneos para o tratamento de toda a água consumida no restaurante e nos vestiários. Nesses locais ocorre a separação de líquidos e sólidos. Em seguida, a água é bombeada para o sistema de tratamento bacteriológico, sem a utilização de produtos químicos. No final do processo, o líquido é armazenado e utilizado para o gotejamento nos jardins internos.
Armazenamento em açude com geomembrana
Gustavo Delle Molle, proprietário de um parreiral localizado nas imediações de São Luís da 3ª Légua, em Caxias do Sul, armazena a água da chuva durante o inverno para utilização durante os períodos de seca. O método é por meio de geomembrana, uma espécie de manta que reveste a superfície do tanque. Sendo assim, a água não entrará em contato com o solo, garantido o aproveitamento total do recurso.
— Fizemos este investimento pois, com a estiagem dos últimos anos, estávamos sofrendo com a baixa na produtividade e com a mortalidade das plantas. Nossa família tem parreirais irrigados desde 2016, mas, com a contínua falta de água e a necessidade de irrigar mais áreas, resolvemos fazer o reservatório de geomembrana — comentou.
A água da chuva é escoada por meio de valetas, que ficam próximas ao reservatório. Sua capacidade de armazenamento é de aproximadamente um milhão de litros de água.
Casinha sustentável
Em 2016, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Francisco Guerra realizou o projeto “Nós Fazemos a Diferença na Sustentabilidade”. No trabalho, os alunos do quarto ano tiveram a oportunidade de aprender sobre a importância de cuidar do planeta adotando práticas sustentáveis. E como brincar também é uma forma de ensinar, o projeto "Casinha Sustentável" saiu do papel.
— Trabalhamos muitas vezes o tema água, pois o planeta, nossa casa comum, nos acolheu desde o nosso nascimento. Porém, a água que bebemos é diferente, pois precisa ser tratada, mas podemos utilizar a da chuva para diversas outras atividades — relata a diretora da escola, Luciana Camassola Marcon.
Deste modo, a casinha ganhou um sistema de captação de água da chuva por calhas direcionadas. O pequeno reservatório atua como cisterna e toda a água captada é utilizada pelos alunos para regar as plantas do jardim da escola. Após seis anos, a casinha permanece recebendo atividades. De acordo com a direção da escola, com o passar do tempo, a casinha foi se deteriorando, muito pelo fato dos dois anos sem aulas presenciais. Por isso, uma nova está sendo providenciada.
— Cuidar do planeta é uma responsabilidade que se assume desde o berço — finalizou Luciana.
Conheça o projeto que distribui cisternas a comunidades de Farroupilha
Casas e escolas de Farroupilha irão receber cisternas gratuitamente por meio de um projeto do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). O objetivo é que moradores e instituições de ensino possam aproveitar a água da chuva para atividades como lavagem de pisos, paredes, carros e irrigação de plantas. Chamada de Minicisterna Residencial, a iniciativa irá oferecer cerca de 20 reservatórios que serão projetados, construídos e instalados pelo IFRS. Cada um terá capacidade entre 200 e mil litros, dependendo de onde for implantado.
— Estamos preocupados com a preservação do meio ambiente, a escassez cada vez maior de água potável, a falta de espaço físico nas residências urbanas e o desejo de fazer com que a população tenha algum sistema correto de aproveitamento da água de chuva em suas casas — afirma o professor Murillo Pereira Azevedo, coordenador do projeto.
Para solicitar uma das cisternas é preciso encaminhar e-mail para nead@farroupilha.ifrs.edu.br. Outra opção é enviar uma mensagem de WhatsApp para o telefone do campus de Farroupilha: (54) 3260.2400.