A secretária de Saúde de Caxias do Sul, Daniele Meneguzzi, afirmou em entrevista ao programa Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, na manhã desta quinta-feira (18), que não há, no momento, hospitais da região que possam absorver a demanda se o Hospital Pompéia fechar o setor materno-infantil. O anúncio do encerramento das atividades para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e para atendimentos privados foi feito pelo hospital na terça-feira (16). O contrato da instituição com a prefeitura se encerra em 30 de setembro, mas o prazo para a descontinuidade dos atendimentos é de 90 dias a partir do dia 16.
Daniele admite que o Pompéia já havia sinalizado a intenção de descontinuar o serviço, mas ressalta que o anúncio feito por meio de ofício, com o prazo para descontinuar o atendimento foi uma surpresa.
— O encerramento das atividades da maternidade não é uma surpresa, mas o Executivo sempre disse que era preciso uma transição, que era preciso buscar com o Estado alternativas de atendimento. Mas além de fechar a maternidade, o hospital fecha também a UTI neonatal que atende a bebês de Caxias e região, isso terá um impacto significativo. Nesse ofício, também comunica as condições para renovação de contrato reduzindo os atendimentos em outras especialidades. A prefeitura não vai acatar essa decisão sem buscar alternativas para garantir atendimento à população.
Questionada se já havia negociação com o Estado, uma vez que o assunto estava em discussão, Daniele reitera que o combinado era uma transição conjunta:
— As alternativas estão sendo discutidas agora com o Governo do Estado. É preciso que se busque outros hospitais, outros parceiros. O Estado disse que neste momento não há hospitais que possam suprir a demanda se esse fechamento ocorrer no Pompéia.
A secretária ressalta que a prefeitura e o Pompéia estão em negociação para que o prazo de encerramento da maternidade seja maior.
— O Hospital Geral (HG) se encontra em plena capacidade, inclusive, com superlotação. Os hospitais do sistema privado já têm a ocupação de maternidade de UTI-neonatal totalmente comprometida. O São Carlos de Farroupilha não é uma alternativa porque absorveu os partos de São Marcos, que fechou a obstetrícia no município. Vamos buscar um prazo maior e que seja suficiente para construir alternativas.
Se o Hospital Pompéia não voltar atrás dessas reduções propostas, o município de Caxias do Sul está disposto, segundo Daniele, a promover uma intervenção na instituição.
Prazo mínimo de um ano
Questionada sobre qual seria um prazo razoável para que a prefeitura conseguisse viabilizar que os atendimentos na área materno-infantil fossem feitos em outros hospitais, sem interrupção de serviço à população, a secretária Daniele Meneguzzi estimou um tempo mínimo de um ano. Para ela, a situação mais delicada é da UTI neonatal.
— A gente precisaria, em primeiro lugar, encontrar um prestador que estivesse disposto a assumir isso. E isso envolve a estruturação física, a contratação de profissionais, a organização do serviço como um todo, porque o volume de atendimentos da obstetrícia do Pompéia não é pequeno, é de 150 partos (por mês). A maior dificuldade de reposição que eu vejo é da UTI neonatal. Uma UTI não se monta da noite para o dia, é um processo de construção bem longo — afirma a secretária.
Ela ainda acrescenta que, mesmo após localizar uma instituição apta a receber o serviço, há um processo de habilitação junto aos governos estadual e federal que precisa ser efetivado para que o hospital receba os recursos financeiros.
— O governo federal pode demorar bastante tempo para conceder esta habilitação (...) A gente pensando, na melhor das hipóteses, em se encontrando o prestador disposto e organizando as equipes, eu estimo que em menos de um ano a gente não consiga fazer articulações deste tipo — avalia.
Confira a entrevista com a secretária de Saúde de Caxias, Daniele Meneguzzi: