Um grupo de moradores está preocupado com a morte de animais na lagoa do bairro Desvio Rizzo, em Caxias do Sul. Em dois dias, quatro patos e uma tartaruga foram encontrados sem vida nas proximidades da água. Uma quinta ave foi recolhida por um morador, que tentou salvá-la, mas ela morreu na madrugada desta quarta-feira (3). Outro pato se encontra dentro da água e demonstra sinais de não estar bem, o que tem angustiado os frequentadores do Parque da Lagoa.
Dois moradores acionaram a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma). Vizinha da lago, Zilma Pelizza, 58 anos, por sua vez, comunicou o caso à Guarda Municipal. Os servidores de segurança foram até a lagoa e solicitaram que a equipe da Semma verificasse o assunto. Os técnicos recolheram amostra da água ainda na terça-feira (2). A ONG Sem Raça Definida esteve no parque, recolheu um dos patos e encaminhou para avaliação de um laboratório privado.
Zilma lamenta ver o sofrimento dos animais:
— Eles estão agonizando e nós sem saber o que fazer, para quem pedir ajuda.
O sentimento é o mesmo do vizinho Gilmar Celeste Tamagno, 55 anos.
— É muito triste ver eles assim. Em dois dias morreram cinco patos, e um está agonizando na água. A gente trata, compra milho, cuida deles e da praça, porque é um espaço que gostamos de frequentar. Não aguentei ver o bichinho daquele jeito e levei pra casa, mas ele agonizou e morreu lá em casa. Tem o outro morrendo e precisamos de ajuda para salvar ele — lamenta ele.
Os aposentados Oneide Becker, 72, e Antoninho Lazzari, 64, também estão preocupados. Enquanto os três moradores caminhavam pela beira da água para mostrar onde estava o pato que precisa de ajuda, os demais animais seguiam o trio:
— Eles acham que vamos dar comida, porque nós os alimentamos. São bichinhos inofensivos que só embelezam a lagoa. Ajudei a construir a lagoa e agora estou até pensando em deixar de vir caminhar porque não suporto ver eles morrendo desse jeito — diz Becker.
Lazzari suspeita que possam estar envenenando os animais, o que aumenta o temor dos moradores, já que muitos vizinhos passeiam com os cães no espaço.
— Fazem de tudo aqui, até os ovos que as patas colocam eles roubam — aponta o aposentado.
Os moradores também mostraram vários sapos e uma galinha mortos, além de carne podre dentro da água.
— Acreditamos que seja alguma oferenda, mas nunca vimos tantos sapos mortos também — conta Tamagno.
Miguel Matias da Silva, 80, alimentava as aves nesta manhã, e lamentava a situação:
— Os patos estão morrendo, vão acabar com os bichinhos e com a lagoa em si. Não consigo ver eles sofrendo assim, e não poder ajudar. Precisamos de ajuda porque o parque precisa ser preservado. Cuidamos dele e queremos ver eles bem e agora estão sofrendo. É muito triste
Para ele, além da apreensão com a morte, há preocupação com a segurança na lagoa:
— Não tem como frequentar a lagoa à noite ou caminhar com o celular em alguns horários. Se tivesse um guarda municipal monitorando a área nos sentiríamos mais amparados.
Tartaruga morta e suspeita de óleo na água
A moradora Clades Mezaroba, 59, a filha dela Danusa,33 e o neto Enzo, oito, também costumam caminhar pelo parque.
— Tinha uma tartaruga morta também ontem (terça). Dá uma tristeza ver o que está acontecendo aqui. Tentei socorrer um (pato) e dar água a ele porque tinha dificuldade de respirar. Essa situação nos deixa bem apreensivos. Não sabemos se é veneno ou algo na água, mas até a vegetação na beira da lagoa está morrendo, parece óleo ou alguma substância — destaca Danusa.
A mãe dela conta que em 2021 alguns patos morreram na lagoa e um vizinho recolheu os animais que pareciam debilitados e os levou para um açude particular até se recuperarem:
— Desce sujeira pela tubulação de esgoto que deve vir de alguma empresa e parece óleo de carro. A cor da água mudou e os patos ficam com as penas escuras e grudadas. No ano passado, eles começaram a perder as penas e alguns morreram. Por isso, esse vizinho levou eles para um açude até se recuperarem. Parece ferrugem, é uma substância estranha e pode estar fazendo mal a eles.
Semma irá analisar a água
De acordo com a assessoria de imprensa, a Semma está monitorando o assunto desde a semana passada. Depois de coletar uma amostra da água, os técnicos vão analisar o líquido para determinar o que provocou as mortes. A orientação da secretaria é que a comunidade não toque nos animais para que a equipe de proteção da Semma recolha os corpos e possa analisar a situação. A análise da água deve ficar pronta na segunda-feira (8).
A reportagem também contatou a Universidade de Caxias do Sul (UCS) já que os moradores questionaram se a instituição poderia ajudar, especialmente, no caso do animal que ainda estava vivo durante a manhã. A assessoria informa que em casos como esse, a rede de apoio da Universidade de Caxias do Sul, a partir do Zoológico e do Instituto Hospitalar Veterinário da Instituição, deve ser acionada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente. O recolhimento é feito via órgãos municipais e o suporte da universidade pode ser viabilizado a partir desse trâmite.