Companheira fiel do protagonista Thomas Sullivan na série de televisão oitentista Magnum e eternizada pelas pistas de Fórmula 1, a Ferrari alimenta fascínio e desejo em fãs do mundo todo. Quando sozinha, chama a atenção pela exclusividade. Mas quando outros modelos e potências se reúnem, a junção das máquinas gera surpresa e curiosidade.
Como nesta sexta-feira (22), quando um grupo com nove delas, de diferentes gerações e proprietários, se encontrou em Bento Gonçalves para o início de um tour pela Serra gaúcha. Trazidos pelos sócios da Ferrari Owner's Club Brasil, alguns veículos chegaram embarcados em caminhões e outros encararam a estrada, como a 575 Maranello do empresário Luis Zattar, que dirigiu de Joinville para o encontro.
— É uma oportunidade de dirigir nas curvas. A Serra é bonita e esse é um modelo mais de viagem. Então, é bem confortável — contou Zattar.
Presidido pelo carioca David Britto, o grupo formado em 2019 é o 41º clube do mundo a associar ferraristas e hoje conta com 120 integrantes de 10 Estados do Brasil. Proprietário de uma versão Berlinetta, de 2000, Britto se surpreendeu ao conferir no registro de antigos proprietários o nome do artilheiro Romário como primeiro dono do veículo.
— Cada carro aqui tem uma história. O meu, por exemplo, estou tendo a honra de geri-lo. É uma marca muito ligada a paixão que as pessoas têm pelo automobilismo. Então, a Ferrari fomenta que esses clubes façam eventos para reunir os apaixonados — explicou.
A ideia é atrair no próximo encontro, no ano que vem, ao menos a metade do grupo brasileiro de ferraristas, que já se encontrou inclusive nas pistas. De acordo com Britto, alguns integrantes estiveram no evento que abriu a etapa brasileira da Fórmula 1, em 2019. Na oportunidade, 100 ferraris percorreram por 30 minutos o circuito de Interlagos, em São Paulo, "no habitat do carro" como definiu Britto.
Diferente dos circuitos fechados, onde o motorista de uma Ferrari tem a liberdade de "soltar o carro", a estrada exige que a legislação seja cumprida e a cautela ande na carona. De Porto Alegre até a Serra, o executivo Joselito Gusso, 57, não usou sua Ferrari Tributo F8, a mais moderna do encontro, da mesma forma que acelera nos Autódromos de Tarumã, em Viamão, ou do Velopark, em Nova Santa Rita.
— Existem os track days (nos autódromos), nos quais você pode tirar o controle de tração e de estabilidade, para ter controle total do carro. Eu posso, mas não devo. Ela tem muita potência e em uma arrancada você pode perder o controle — alertou Gusso, que adquiriu o carro com 580 quilômetros rodados na concessionária autorizada da escuderia, em São Paulo.
Com oito cilindros, motor traseiro de 720 cavalos e avaliada em R$ 3,5 milhões, a Ferrari F8 Tributo homenageia em seu design modelos antigos. A de Gusso por exemplo, fabricada em 2021 e de cor Griggiosilverstone, tem traseira de vidro que expõe o motor, como a F-40, produzida entre 1987 e 1992.
— É muito tranquilo de andar com ela, é impressionante o que uma Ferrari te oferece em termos de confiabilidade — contou Gusso, sobre o veículo, que possui tecnologias específicas para o tráfego urbano, como o sistema lift, de elevação da parte frontal, e o bump road, que no piso irregular dá ainda mais conforto ao motorista.
Depois de rodar pelas vinícolas do Vale dos Vinhedos nesta sexta-feira (22), o grupo de ferraristas e suas máquinas segue pela Serra neste sábado e domingo. No trajeto, está a Região das Hortênsias e, a última parada, no Museu do Automóvel, domingo, em Canela.