Desde janeiro de 2022, o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) contabilizou 355 casos de furtos de hidrômetros em Caxias do Sul. O número contabilizado ainda antes do fechamento do primeiro semestre já supera o total de furtos registrados ao longo de todo 2021, que teve 300 ocorrências. Em 2020, foram 293 furtos, o que demonstra um aumento progressivo de casos nos últimos três anos. Conforme o Samae, este tipo de situação tem sido mais recorrente nos bairros Marechal Floriano, Pio X e Santa Catarina e medidas voltadas à intensificação de policiamento, especialmente nestas áreas, têm impactado na redução mensal de ocorrências.
Somente na primeira semana de junho foram 17 equipamentos furtados na cidade. Abril e maio fecharam com 28 e 30 ocorrências, respectivamente, números que não chegam à metade do total de março, por exemplo, quando 102 furtos foram registrados pelo Samae.
— O furto de hidrômetros sempre foi algo recorrente, porém, nos primeiros meses deste ano, notamos um aumento expressivo, o que nos fez buscar a realização de ações junto a autoridades competentes. Isso com certeza contribuiu para que o número reduzisse — afirma o diretor-presidente do Samae, Gilberto Meletti.
Segundo ele, a Guarda Municipal se fez mais presente nas regiões de maior incidência de casos, o que inibiu a atuação de criminosos. Outro ponto que ele destaca é que o olhar das autoridades para a situação, também inibe eventuais receptores, que podem não querer mais comprar este tipo de produto visado no mercado clandestino por conta da parte metálica.
O diretor da Guarda Municipal de Caxias do Sul, Alex Oliveira Kulmann, também citou o bairro São Pelegrino como uma das regiões de pico na qual vem sendo realizado, segundo ele, um número maior de rondas.
— O aumento dos furtos de hidrômetros ocorreu no mesmo período em que também houve um pico de furtos de outros objetos metálicos, como a fiação elétrica, por exemplo — observa Kulmann, que também destaca a redução a partir da intensificação nos bairros que vinham apresentando mais casos.
No início do ano, a situação foi noticiada pelo Pioneiro. Na ocasião, o delegado Vitor Carnaúba, titular da 1ª Delegacia de Polícia, responsável pela investigação das ocorrências da região central da cidade, afirmou que, embora sejam situações constantemente flagradas, pelo tipo de material, que rapidamente é derretido e descaracterizado, há uma dificuldade de se vincular a algum roubo registrado e, mesmo quando a prisão chega a ser efetivada, o problema não é solucionado. Ele afirmou, também, que este tipo de furto é frequentemente cometido por pessoas com dependência química.
Reposição por conta do cliente
Segundo o Samae, a reposição de um hidrômetro custa, atualmente, R$ 261,05 — um valor que é repassado para o cliente. Meletti destaca que, para além do prejuízo financeiro, quando um hidrômetro é furtado, também há desperdício de água, porque ocorre vazamento até que o furto seja identificado.
— Muitos furtos ocorrem durante a madrugada, quando os moradores estão dormindo, então é ainda mais demorado para que percebam — comenta o diretor-presidente do Samae, lembrando, ainda, que o abastecimento fica interrompido até a troca do equipamento.
Segundo ele, é importante que os clientes busquem deixar os hidrômetros mais protegidos, embora ele deva ficar acessível aos agentes. Ele afirma que são estudadas hoje, no Samae, alternativas de hidrômetros feitos com outros materiais menos "atrativos" aos olhos de quem procura metais para revender de forma ilegal. Ele explica que opções como o plástico, por exemplo, custariam quatro vezes mais caro e poderiam não apresentar a mesma durabilidade, que hoje é de cinco anos. O material também perde na questão ambiental, uma vez que não é reciclável por tratar-se de um mecanismo de precisão, segundo informações do Samae. A leitura eletrônica, que também foi cogitada, segundo Meletti, chega a custar 10 vezes mais do que o equipamento atual.