Moradores do interior de São José dos Ausentes dizem que estão quase ilhados tamanha a precariedade da Estrada do Capão do Tigre. As más condições do acesso de chão seriam decorrentes das constantes chuvas e do tráfego de caminhões pesados. A comunidade diz que estudantes enfrentam dificuldades para ir à escola, pousadas estão sem receber turistas e ambulâncias têm barreiras para chegar na localidade. Procurada pela reportagem, a prefeitura admite as dificuldades de tráfego e afirma trabalhar constantemente na manutenção da via pública, mas nega que o trânsito esteja bloqueado.
O chefe do Departamento de Obras de São José dos Ausentes, Edecir Zuchinalli, alega que a chuva foi intensa nos últimos dois meses, o que impossibilita a terra assentar. Na última sexta-feira (3), a equipe trabalhou nos pontos mais críticos e iria retornar nesta segunda-feira (6), mas precipitação não permitiu.
— Arrumamos a estrada, mas continua chovendo bastante e tem muito trânsito de caminhão pesado. A estrada não consegue firmar. Não temos autonomia para barrar (os caminhões). Não posso chegar lá e proibir eles de trafegarem com chuva. Tentamos fazer o melhor, mas o tempo não dá trégua. Vamos lá, fazemos, mas um dia ou dois e está ruim de novo — explica o chefe de Obras.
Conforme a prefeitura, a região é explorada por mais de uma empresa de extração de madeira. O tráfego pesado somado às chuvas criou "três ou quatro pontos críticos" na via de acesso a Capão do Tigre. Zuchinalli admite que esta se tornou a pior estrada do município.
— Queremos todas as estradas 100%, mas fazem dois meses que o clima não nos permite. Nosso município tem este tráfego muito pesado de caminhões de madeira. Cada um tem seus compromissos. A estrada não chegou a ficar fechada e estamos tentando resolver. Nos piores pontos, demos uma amenizada. Já colocamos bastante material lá, mas não consegue firmar. O que falta mesmo é dar uns três dias de tempo bom para resolvermos — aponta o representante da prefeitura.
Os moradores de Capão do Tigre relatam que a estrada é um problema recorrente desde março e piorou com as chuvas recentes. Um deles também reclama sobre o peso dos caminhões de madeira. A alegação é que as estradas têm limite permitido de veículos com até 24 toneladas, com sinalização no local, mas os caminhões aparentam trafegar com muito mais peso. Neste sentido, cobram uma fiscalização da prefeitura.
— Estão deteriorando o patrimônio público, que é o que são as estradas. São crianças sem aulas, ambulâncias que não podem vir, pousadas que não conseguem receber turistas, pecuaristas que não conseguem escoar gado e produtores de brócolis sem entregar sua produção. Todos estamos com prejuízos — alega um morador, que pediu para não ser identificado.
A prefeitura nega que tenha alguma irregularidade no tráfego da estrada e afirma que os problemas dos últimos dois meses são normais devido à chuva.