A Escola Estadual de Ensino Fundamental Abramo Randon de Caxias do Sul recebeu boas notícias após quatro meses do furto de fios que danificou toda a instalação elétrica do prédio. Nesta quarta-feira (25), foi publicado no Diário Oficial do Estado a ordem de execução para início da manutenção. E, quando assinada, a empresa vencedora da licitação terá 60 dias para cumprir com a prestação do serviço.
Em função do problema, a escola não retomou as aulas presencias em meados de fevereiro, como a maioria das instituições da cidade. Desde então, os cerca de 200 alunos matriculados realizam as atividades em casa, pelo portal do aluno ou tarefas impressas disponibilizadas pelo estabelecimento de ensino. Segundo a 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE), a demora para o inicio das obras ocorreu por conta do alto custo de manutenção. Foi preciso fazer um projeto elétrico e licitar a obra orçada em mais de R$ 59 mil. Isso que o valor acabou sendo menor do que o previsto inicialmente que era de R$ 80 mil.
— O meu filho está no 4° ano do Ensino Fundamental. Ele realiza as atividades impressas disponibilizadas, porém muitas ele não consegue fazer. Eu estou explicando como eu sei e da forma que ele consiga fazer. Ele fica triste em não poder ir à escola. Antony tem 9 anos e quer aprender. Ele sofre de déficit de atenção e não sabe ler. Ele quer estar na escola e precisa estar na escola como qualquer outra criança. Eu tentei pedir transferência, mas como tem muitas crianças da mesma escola e na mesma situação, a fila de espera é imensa — disse Tatiane Carvalho da Silva, mãe do aluno Antony Rodrigues da Silva, 9.
A previsão é de que até o final desta semana, a empresa vencedora da licitação dê os primeiros passos para o início da manutenção elétrica do prédio. E não é a primeira vez que a escola sofre com a depredação e furtos. Eles são frequentes.
— A gente sabe que os nossos pais estão muito aflitos, a gente teve muitos alunos que acabaram deixando a escola para estudar em outras escolas, mesmo Abramo Randon sendo a mais próxima. Pedimos aos pais mais um pouco de paciência, pois estamos chegando na reta final, para o início da manutenção — comentou Márcia Hahn Rosa, diretora da escola.
Segundo a direção, os alunos com dificuldades em realizar as atividades impressas, e que não tem acesso ao portal do aluno, podem agendar um horário na escola para terem o auxílio na compreensão das tarefas e atividades, das 7h30min às 12h e das 13h às 17h. Por conta da falta de energia, não é possível receber a todos, mas os alunos com maior dificuldade.
— Os professores estão sempre retomando os conteúdos. O que ficou ruim para nós é que as aulas não são mais gravadas e muitos alunos, principalmente, os pequenos necessitam do celular do pai para realizar as aulas. Vemos o empenho dos pais em se mobilizar pelo bem dos seus filhos. Eu agradeço a minha comunidade pelo empenho e dedicação, porque é uma parceria que temos com eles — complementou a diretora.
A falta de segurança
O sentimento é de muita ansiedade para o retorno das aulas e também de muitas preocupações. Furtos, depredação e drogadição nas redondezas da escola, tornou-se rotina, segundo a direção.
— A nossa escola é muita aberta e sofre constantemente com roubos, furtos e depredações. Nós temos um policial que mora aqui dentro, porém ela trabalha (durante o dia). E quem realizou o furto teve tempo suficiente para ver que não havia ninguém na escola. Então, a gente tem que começar a fechar a escola. O tapume colocado pelo governo amenizou, porém não resolveu. Eles pulam o muro, sobem pelo telhado. Na área verde, atrás da escola, já flagramos drogadição. O policial já evidenciou diversas vezes pessoas caminhando pelo telhado da escola — afirmou, Márcia Hahn.
Segundo a direção, algo precisa ser feito para solucionar os problemas com a criminalidade, não só nas redondezas da escola, mas no âmbito municipal. O dinheiro recebido para investimento na educação pública está sendo utilizado para melhorar a segurança no ambiente escolar, diz a diretora.
— A escola ganhou um recurso extraordinário do governo, enquanto outras escolas pintam salas de aula, eu estou colocando grades. Comprei ventiladores para as salas de aula, todos foram roubados e tivemos que comprar novamente. Um dia antes do furto acontecer na escola, o eletricista responsável pela instalação não pode ir. E no dia seguinte tivemos o furto das fiações elétricas. E com a verba, compramos também um melhor sistema de monitoramento, já que no dia do furto foi identificado pontos cegos nas câmeras de segurança — relatou Márcia.
Contatada pela reportagem, a 4ª CRE não respondeu aos questionamentos até esta publicação.
O que diz o 12ºBatalhão de Polícia Militar sobre a segurança na escola:
"O 12° BPM mantém o policiamento ostensivo e realiza abordagens constantes no bairro onde está a escola. No entanto, é de conhecimento a circulação de usuários de drogas na região, que inevitavelmente são autores de furtos para sustentar o vício, possivelmente autores do ocorrido na escola. Até a presente data, no mês de maio, já prendemos 28 pessoas foragidas do sistema prisional que circulam nas ruas nesta situação de drogadição ou alcoolemia. Retomando as atividades da escola, a patrulha escolar comunitária do 12º BPM fará contato com a direção da Escola, visitas e patrulhamento junto este estabelecimento de ensino."