Os moradores do Loteamento Altos de Galópolis e de alguns pontos do interior de Caxias do Sul, como São Vírgilio, Criúva, Oitava Légua, Santa Lúcia do Piaí e Terceira Légua conquistaram abastecimento com água encanada depois de décadas de espera. Já os que vivem na Linha 40 ainda estão na expectativa. A ordem de início da construção da adutora que levará água à localidade já foi assinada.
O abastecimento em Altos de Galópolis é emblemático porque foram 20 anos de espera. Antes da implantação da adutora na localidade, a água vinha de nascentes, poço artesiano e caminhão-pipa. A expansão da rede é uma reivindicação antiga dos moradores, mas como o loteamento era considerado uma área de ocupação irregular, o município não podia fazer obras de infraestrutura. Na última revisão do Plano Diretor, em 2019, a área foi gravada como de interesse municipal o que abriu caminho para a prefeitura apresentar ao Ministério Público (MP) o interesse em realizar o investimento, que foi autorizado pela Justiça.
A obra começou em 2021, e até março deste ano, algumas famílias ainda eram abastecidas por caminhão-pipa. A inauguração da implantação da rede está programada para o dia 14 deste mês. O presidente da Associação de Moradores (Amob) Altos de Galópolis, Eugênio Carlos Petry, lembra que as famílias passaram dificuldades ao longo dos anos pela falta de rede de distribuição.
— Ter água encanada traz dignidade aos moradores. Agora temos mais qualidade de vida.
Ao andar pelas ruas de chão batido, é possível ver na entrada das casas os hidrômetros que foram instalados pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae). Os moradores mais antigos como o casal José Luci Carvalho, 61 anos, e Leonilda Andretta, 59, comemoram a conquista. Eles moram no local há duas décadas.
— Eu que fiz o poço artesiano há 18 anos Depois, (ele) não deu mais conta de abastecer quem veio chegando. A água encanada significa saúde — disse seu José.
Para a esposa dele é a realização de um sonho.
— Não tem explicação ter água tratada em casa com esse conforto de abrir uma torneira e saber que não precisa se preocupar se hoje vai ter água ou não. Às vezes o poço não dava vazão, a bomba estragava ou o caminhão-pipa não tinha condições de trazer água todos os dias. Agora mudou a nossa vida — comemora a costureira.
Expectativa na Linha 40
Outras comunidades mais afastadas da área central de Caxias serão contempladas com rede de abastecimento. Na Linha 40 foi assinada a ordem de início da obra para implantação de uma adutora que levará água encanada aos moradores. Lá, a comunidade também espera há anos pelo serviço.
O morador Flávio Roberto Adami, 52, conhece bem a realidade de quem depende da água de poço artesiano.
— Antigamente, a água vinha de uma vertente que tinha na propriedade e em 1997 foi construído o poço artesiano. A água é bombeada do poço até o depósito, de onde, depois, é distribuída através da rede, por gravidade, até as residências das famílias associadas deste poço. Com a obra, esperamos que a água venha com mais qualidade do que agora — ressalta ele.
Pai e filho, os corretores de seguro, Ivanor Tomazzoni, 70, e Felipe Tomazzoni, 38, também comemoram a assinatura da obra.
— Vou morar aqui e é uma segurança de que terá água porque com poços artesianos há uma série de dificuldades — afirma Felipe que é presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, que fica ao lado da Igreja da Linha 40.
O pai dele conta que na casa que cresceu, onde hoje vive um irmão dele, o abastecimento de água vem de uma fonte:
— A água encanada é uma necessidade há anos. Sabemos que terá mais residências aqui, quase não tem mais colônia, já virou cidade e tem que ter água disponível. Hoje a água de uma fonte abastece 10 famílias. Ela vem lá de cima do morro — diz apontando para as árvores - e ela desce com força, e sem bomba abastece as famílias, mas é preciso ter esse serviço garantido.
Distribuição de água
A implantação da adutora de água tratada São Virgílio–Altos de Galópolis teve um investimento de R$ 2.197.736,36. Foram implantados 8.860 metros de tubos para garantir o abastecimento.
— Em Altos de Galópolis, já temos as ligações prontas e estamos colocando os hidrômetros para atender cerca de 550 casas com água encanada. Essa adutora vai até São Vírgílio e temos condições de levar água com ligação direta. Isso significa água de qualidade na casa dessas famílias — explica o diretor presidente do Samae, Gilberto Meletti.
Ele ressalta que na área urbana toda a cidade é abastecida, mas na área rural é preciso expandir o serviço:
— No interior, é feito um estudo de viabilidade técnica e uma parceria entre o município e os moradores para levar extensões de água e beneficiar um número determinado de famílias com uma rede local. Já inauguramos um grande número de extensões de rede de água na Terceira Légua e tem outros pontos como Santa Lúcia, Criúva, Oitava Légua, entre outros.
A obra da Linha 40
Serão investidos pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), R$ 2.488.492,75 para implantar 9.184 metros de tubulação para levar água até a Linha 40. A adutora será construída no entroncamento da RS-122 com a Estrada Municipal Vicente de Menezes. Melleti explica que também estão previstas na obra esperas para ligações no local, para atender a futura expansão urbana da comunidade.
Além disso, será implantada a adutora Nossa Senhora da Saúde Leste, que irá atender os moradores da Estrada Vereador Ary Antônio Bergozza, contemplando as parcerias realizadas com empreendimentos na região. Isso servirá como um anel hidráulico para atender a expansão futura do abastecimento na região Norte. Será construída uma adutora de 300 milímetros do Sistema Marrecas já existente em frente ao capitel do bairro Nossa Senhora da Saúde.
— A comunidade nasceu como área rural, mas se formou um núcleo habitacional e também muitas empresas e, com isso, a necessidade de prestar o serviço porque ainda não haviam sido feitos investimentos em saneamento. Ali com essa obra, além de atender a comunidade teremos a rede que vem do Marrecas e vai conseguir atender a outra área se tiver problemas no abastecimento.