Um longo processo que envolveu a comunidade na escolha do local para a instalação do novo canil, encerrou com a surpresa da definição de uma localidade que não estava presente na Consulta Popular. Na última sexta-feira (27) a prefeitura anunciou a definição do endereço que fica nas proximidades da Estação de Tratamento do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), na Linha Luciana Colônia Sertorina, mas que não está em área de captação de água. O local não aparecia entre as três divulgadas como opções da administração municipal.
Em entrevista ao Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha Serra, o coordenador do Departamento de Proteção Ambiental da secretaria municipal de Meio Ambiente (Semma), o veterinário Paulo Vinícius Bastiani explicou que a decisão foi baseada nas respostas enviadas pela população às perguntas levantadas pela prefeitura. Uma delas tratava sobre a distância do local interferir no número de animais adotados. Na oportunidade, 858 pessoas afirmaram que a proximidade com o meio urbano pode elevar as adoções, contra 412 que responderam que não interferiria.
Bastiani informa que a prefeitura fez pesquisas em 14 áreas e surgiram três como possíveis para receber o empreendimento da forma como ele está sendo planejado. Essas três áreas passaram por consulta popular. No entanto, nesse meio tempo, é que surgiu a área escolhida.
— Ainda não tínhamos a autorização do dono para fazer a vistoria e poder aprovar ou não a possível utilização (por isso a área não constou na pesquisa popular). Na pesquisa popular, colocamos perguntas que iriam nos auxiliar a escolher qualquer um dos três. Mas elas acabaram também nos dando respaldo em relação a este, que foi anunciado. A partir desse momento continuamos, mesmo tendo ocorrido a pesquisa, fazendo as vistorias e tratativas com esse terreno, pois ele abrange uma boa parte do que a gente necessita e se tornou um dos melhores entre os escolhidos — explicou.
Com parte do acesso pavimentado pela Estrada dos Romeiros, ou através do Lotamento Reserva do Vale, o novo endereço pode ser acessado pelas duas vias, mas a sede do novo canil na área a ser permutada, será de frente para Rua Jaime Guilherme Muratore Filho que tem início à esquerda da RS-122. Ali será construída a estrutura e a sede administrativa. Do outro lado, na parte acessada pela Estrada dos Romeiros ficará o parque que poderá receber visitantes.
Localizado próximo a Sede Campestre do Círculo Operário Caxiense, o novo endereço cumpre o desejo transmitido pela comunidade de que o local não ficasse muito distante.
— A proximidade foi levada em conta, pois não podemos deixar que seja um ponto final da vida dos animais. Tem animais que tem 16, 17 anos, eles tem que ter uma qualidade de vida, que é ofertada no local, mas é muito melhor na casa de uma família onde tenham atenção exclusiva, então a proximidade do meio urbano facilita que as pessoas se desloquem e façam a adoção — comentou o coordenador
Ainda de acordo com o veterinário, o local terá capacidade para abrigar 500 cães, uma área para gatos e outra para animais de grande porte, como cavalos. Mas não há como precisar o início das obras, antes que se conclua o processo de permuta, realizado para a utilização do terreno e construção do canil .
— Temos como meta até o final do próximo ano estar em funcionamento, mas não posso garantir — disse Bastiani ao Gaúcha Hoje.
Como anunciado na última sexta-feira, parte do novo endereço passará a ser da prefeitura em troca de uma área que pertence ao município, no bairro Santa Lúcia, perto da Ceasa. Para a construção das baias, canil e centro administrativo uma segunda permuta irá ocorrer com um empresário que tem interesse no terreno do atual canil, em São Virgílio da 6ª Légua.
A família do representante comercial Gaspar Balbinot, 54, é a proprietária da área que por anos serviu para a plantação de milho e cáqui. Em um total de 19 hectares, cinco deles serão permutados e outros oito alugados, por um valor não divulgado, para a prefeitura. Segundo Balbinot, o espaço será locado por 10 anos, com a possibilidade de compra ou nova permuta no futuro. Ainda de acordo com ele, a preservação ambiental, e a preocupação dos vizinhos com a instalação foi levada em conta nas negociações.
— Teve comentários dos vizinhos, por ser um canil, mas eles não sabem o contexto do parque. Eu pedi desde o início que não fosse um depósito de cães, e que fosse um local que o pessoal possa vir visitar. Aqui tem um rio que passa por toda a extensão da área, e uma parte com cascata, então o pessoal vai poder visitar. Na negociação, pedimos que o rio fosse despoluído e toda a parte dos dejetos dos animais fosse ligada a estação de tratamento. O compromisso é que a prefeitura passe toda canalização pela terra locada para os dejetos chegar à ETE — explicou.