Após apreender quase uma tonelada de pinhão na Serra Gaúcha, o Comando Ambiental da Brigada Militar do Rio Grande do Sul (CABM/RS) doa o produto para o GramadoZoo para entrar no cardápio da bicharada. Muitos não sabem, mas há uma portaria do Ibama que proíbe a coleta das pinhas antes do dia 15 de abril. A determinação é de 1976 e visa, principalmente, preservar a planta, alimentar a fauna e perpetuar a espécie.
Em fiscalizações realizadas em março, as autoridades apreenderam a enorme quantidade de pinhas verdes, como aconteceu em São Francisco de Paula, no dia 26 do mês passado. Por serem coletadas prematuramente, o que é ilegal, o 2º Pelotão de Policiamento Militar Ambiental de Canela destinou o alimento para o zoológico da Serra.
No GramadoZoo, muitas espécies usam o pinhão na dieta, como os papagaios-charão, as gralhas, bugios e ouriços, assim como araras, macacos-barrigudo e outros bichos. O alimento serve como um reforço calórico para enfrentar o frio do inverno gaúcho, que se aproxima.
— Quando começa a época de frio, conforme vai chegando o inverno, vai chegando a época do pinhão. E assim como na natureza, a gente começa a disponibilizar o alimento aqui como reforço calórico para ajudar os animais na questão do frio, para que tenham calorias suficientes para encarar o inverno — explica o veterinário do GramadoZoo, Thomas Poulton.
Parte da carga de quase uma tonelada também deve ser congelada no zoo para que o pinhão não estrague. Assim, o zoológico de Gramado usará todo alimento recebido das autoridades.
Zoológico tem campanha para alertar sobre coleta proibida do pinhão
Ao mesmo tempo que os animais ganham o reforço no cardápio, o GramadoZoo procura reforçar a regra ainda desconhecida na região sobre a colheita proibida do pinhão. O zoo realiza a campanha "Segura Pinhão" para conscientizar a população.
— O objetivo da campanha é evitar a colheita prematura. O pinhão é importante na cadeia alimentar de várias espécies e, respeitar o prazo, também ajuda na preservação da mata de araucária, que está sofrendo uma drástica redução em suas áreas de ocorrência devido à exploração desordenada — , avisa a bióloga do zoo Tathiana Gosaric de Barros.
A bióloga reforça que o respeito ao período também é fundamental para que a fauna tenha acesso ao alimento de forma equilibrada.
Além da apreensão do pinhão, quem não respeitar a regra pode responder criminalmente pelo ato e receber multa, que pode ser de R$ 300 por quilo apreendido, conforme o Decreto Federal nº 6514/08.