Um evento, neste sábado (2), em Caxias do Sul, marcará o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. A data foi estabelecida em 2007, no intuito de promover informação e combate ao preconceito, vivenciado por pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Chamado de "Encontrão Azul", o evento é gratuito e ocorre no Parque dos Macaquinhos das 14h às 17h. Haverá brinquedos infláveis para as crianças.
O evento carrega o tema da campanha Mundial deste ano, que é "Lugar de Autista é em Todo Lugar". Para as organizadoras, além de promover a data, o encontro serve para dialogar, informar e pautar os desafios diários de pessoas do espectro.
— Eu como mãe de autista adolescente, sei quanto essa luta pela inclusão não é fácil. Cada vez que conheço uma mãe com diagnóstico recente, estendo a minha mão e digo que você não está sozinha. E neste ano juntei-me a elas somando forças para seguirmos na caminhada pelos direitos dos nossos filhos e pela inclusão na sociedade — Lucelia Fontoura, organizadora do evento.
E quando falamos em inclusão, a educação é a ferramenta principal, para romper barreiras.
— Nas escolas precisamos também falar mais sobre o autismo. Algumas ações imprescindíveis para a disseminação do conhecimento sobre o TEA é conversar com a turma das crianças e adolescentes, explicando as características, funcionamento do autista e formas de ajudar na inclusão, principalmente, no início das aulas para que não ocorra situações de bullying. Além disso, capacitar os docentes por meio de cursos e participação em eventos trará maior preparo para os desafios encontrados em sala de aula. A atuação do atendimento especializado é fundamental — explicou Camila Siqueira Rodrigues Pellizzer, mãe de autista e pedagoga.
Nicole Caprine, uma das organizadoras do Encontrão Azul, explicou que as mães querem que seja um evento de união de toda comunidade.
— Afinal o que é anormalidade? O que é normalidade? Essa característica é estabelecida por parâmetros sociais. Esses parâmetros promovem a patologização, ou seja, não há reconhecimento da diversidade da expressão humana, além de suscitar a criação e o estabelecimento de estigmas e estereótipos, propiciando um campo de discriminações e preconceitos relacionados a determinado grupo social. E isso se dá pela falta de informações para que a sociedade entenda as particularidades de cada indivíduo — pondera Nicole.
Ela relatou as dificuldades encontradas na hora de realizar os atendimentos de saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de Caxias do Sul, e a falta de locais especializados para os trabalhos necessários em pessoas diagnosticadas com TEA.
— Crianças diagnosticadas com TEA precisam de terapias multidisciplinares, dentre elas: Fonoaudiologia; Terapia ocupacional; Psicoterapia, entre outras. Essas terapias ofertam uma melhoria na qualidade de vida da pessoa com autismo. No nosso município, quando nos referimos a atendimentos prestados ao público com TEA pelo SUS, podemos contar com poucas ofertas. No CES (Centro Especializado em Saúde) há o atendimento de Fonoaudiologia, porém a fila de espera é grande, tendo que, por vezes, esperar dois anos para iniciar o tratamento. E, além disso, é aprovado um número limitado de sessões, fazendo com que o sujeito retorne para a fila de espera após a conclusão dessas sessões autorizadas. Isso gera uma interrupção nos atendimentos, que deveriam ser contínuos para o autista — salientou.