Centenas de pessoas acompanharam a encenação da Via Sacra nos pavilhões da Festa da Uva em Caxias do Sul. A tradicional celebração emociona os fiéis, especialmente, pelo retorno, após dois anos em que não foi realizada em função da pandemia de covid-19.
Nas escadas que levam ao Monumento Jesus Terceiro Milênio, o público acompanhava atentamente cada ato que revive os últimos momentos de Cristo antes da crucificação.
Na encenação, João e Judas estavam ao lado de Jesus quando ele reuniu os 12 apóstolos. Foi nesse momento que ocorreu o ato de lavar os pés, que emocionou parte dos fiéis.
— Sabemos que Ele será traído e dará a vida por nós. E ele está ali com humildade, e lavando os pés dos discípulos — emociona-se Laura Soares, 67 anos.
O comerciante Remi Vergani , 67, sente o mesmo:
— É algo que aconteceu e que é importante relembrar. Com a graça de Deus estamos de volta aqui (presencialmente) para poder celebrar novamente a ressurreição de Cristo.
A dramatização da vida e morte de Cristo foi realizada por 40 jovens de grupos religiosos de Caxias. Ele foram coordenados pelo Setor Juventude da Diocese. Um dos momentos mais marcantes da encenação foi a crucificação de Cristo. Muitas pessoas choravam, enquanto outras rezavam baixinho e agradeciam.
O casal Renan Schio, 53, e Jucelia Fontana, 52, souberam na manhã dessa sexta que teria a Via Sacra.
— Viemos porque sentimos algo bom no coração. Com a pandemia nos isolamos e sentia falta — comentou Renan.
Jucélia era uma das fiéis mais emocionadas:
— Sinto o sofrimento dele — disse entre lágrimas.
Emoção toma conta dos atores da encenação
Pouco antes das 9h, o grupo que encenou a Via Sacra estava reunido para o último ensaio e para rezar antes da celebração. Fredi Moschen , 42, viveu Jesus Cristo pela segunda vez. A primeira foi em 2019, antes da pandemia.
— É muito emocionante reviver o que passou para nos salvar dos nossos pecados. Agora que está chegando a hora, o coração bate mais forte, porque vamos levar essa mensagem para a comunidade. É um momento de reflexão — contou ele que já estava preparado para atuar, e desceu as escadas de pés descalços, apesar do frio dessa manhã.
Aline Ferreira, 27, interpretou Maria, mãe de Jesus.
— É marcante porque diante de tudo o que passamos chegar até aqui é uma graça. O sentimento é de gratidão e viver Maria pede essa entrega.
Quem viveu o apóstolo João, o amado, foi Samuel de Oliveira Molon, 19.
— Sinto a responsabilidade que João sentiu por cuidar de Maria. Esse momento é especial porque nos remete a algo que esquecemos que é o quanto a vida é frágil e como precisamos cuidar uns dos outros.
O adolescente Felipe Scalon Leyler, 13 , participou pela primeira vez da Via Sacra.
— Serei Judas na encenação — contou com timidez.
Já Isadora Martins, 24, viveu Maria Madalena:
— Meu coração está alegre porque é um dia de fé e de oração.
Já Luciano Wentz, 27, e Anderson da Silva 36, interpretaram os soldados romanos:
— Faz cinco anos que participou da encenação e essa é a primeira vez como soldado. É estranho, ter que bater e crucificar Jesus. Ser o cara mal te faz refletir — contou Luciano.
Silva que já foi Judas conta que cada papel é desafiador:
— É diferente, mais difícil ser quem trai Jesus, e agora quem vai agir com violência contra ele.
Mensagem aos jovem
O Bispo Dom José Gislon deixou uma mensagem aos fiéis, especialmente, aos jovens:
— A Sexta-feira Santa nos convida a olhar a vida a partir de um gesto de amor, entrega e fé. Isso ainda toca o coração dos jovens. Eles são nosso elo com o passado e o futuro. Preparar o futuro deles nos enche de esperança, porque eles continuam sonhando, e sabemos que juntos podemos superar tudo, baste ter fé. Podemos tirar o melhor de nós e colocar a serviço do outro.