O que forja o amor? Para cada casal, a resposta pode ser diferente. Mas para Maurilio Rocha e Glaci Ferreira Rocha, que completaram 50 anos de casados, a resposta é perseverança e companheirismo. Assim como contam as histórias de romance, o casal se conheceu e precisou esperar um pelo outro. A espera foi recompensada com uma união que já dura 50 anos e foi reafirmada com as Bodas de Ouro, no último sábado (8).
Em 1962, quando tinha 11 anos, Glaci foi batizada na Igreja Assembleia de Deus, durante a inauguração do novo templo, uma vez que os dois são evangélicos. Foi quando Maurílio, com cerca de 20 anos, que tinha vindo com uma excursão de Vacaria, se apaixonou à primeira vista.
— Ele me viu e algo chamou a atenção dele em mim. Naquele momento ele sentiu algo muito forte que dizia que eu iria ser a esposa dele — conta Glaci.
Maurílio explica que há muito tempo estava pedindo para Deus uma boa esposa e, quando viu Glaci, sentiu que ela era essa pessoa.
— Quando você confia em Deus, dá tudo certo para você. São coisas inexplicáveis. Tem os prós e tem os contras, mas graças a Deus, sempre teve mais prós do que contras — detalha Maurílio.
A descoberta de quem seria sua esposa chegou cedo, mas como Glaci tinha apenas 11 anos, o relacionamento só ganhou uma nova etapa muitos anos depois. Após o batismo, Maurílio retornou a Vacaria.
Ele se mudou para Caxias depois de cinco anos e começou a procurar pela moça que havia chamado sua atenção tantos anos atrás. Quando ele voltou, Glaci tinha 16 anos. Ele esperou mais alguns anos e, nesse período, tentou conhecer ela melhor. O namoro começou quando ela ia fazer 18 anos. Ou seja, sete anos depois de terem se encontrado pela primeira vez.
— Ele ficou me observando e, aos poucos, foi tentando me conquistar. Ele foi persistente. Quando eu ia fazer algo, ele vinha e me elogiava. Quando ele chegou e me pediu em namoro, eu já gostava dele também — revela Glaci.
Eles namoraram por dois anos e ficaram três meses noivos. A união entre os dois se consumou pelo casamento 10 anos depois da primeira troca de olhares, no dia 8 de janeiro de 1972. Na época, Glaci estava com 20 anos e Maurílio com 31.
Depois de cinco anos, o casal se mudou para a Bahia. Glaci, que havia acabado de concluir o magistério para ser professora, deixou até mesmo a cerimônia de formatura para trás e acompanhou o marido na nova etapa. Foi na Bahia, onde moraram por 32 anos, que o casal construiu a vida juntos. Em 1975, ainda em Caxias, havia nascido o primeiro filho, Augusto, e, em 1978, nasceu a filha Fernanda. Os filhos formaram a família e hoje, Maurilio e Glaci tem quatro netos que continuam morando na Bahia.
O casal se mudou para o Nordeste pois Maurílio sempre trabalhou como marceneiro e foi convidado a participar do projeto Carajás, a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo. Localizadas na Floresta Nacional de Carajás, as obras do núcleo urbano de Carajás foram iniciadas em 1984 e, em 1986, chegaram os primeiros moradores. A estrutura foi construída para receber os empregados que trabalharam na implantação do projeto. Conforme Maurílio, ele ajudou a construir as casas e a escola, por meio da empresa Incobal, uma filial da empresa Madezatti, de Caxias do Sul.
— Trabalhando com o público, a gente encontra muitas pessoas que são diferentes de nós e tem que ter muita paciência. Às vezes, chegava em casa com a cabeça quente, mas ela sempre me deu apoio e nunca foi de brigar e discutir — elogia Maurílio.
Depois de um ano na Bahia, Maurílio começou a trabalhar por conta e Glaci, que estava trabalhando como professora, decidiu se juntar ao marido e trabalharem juntos. Em 2010, o casal voltou a morar em Caxias e, atualmente, os dois estão aposentados. Quanto ao segredo para um casamento bem sucedido, Glaci aponta que é necessário compreensão, tolerância e perdão.
Hoje a gente agradece a Deus por tudo que viveu, por tudo que um é para o outro
GLACI
— É preciso aprender a conviver, respeitar e perdoar. Casamento perfeito não existe, temos que vencer cada dia, não desistir do outro nunca e o amor prevalece sempre — revela Glaci.
O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, assim como diz a frase. Para ela, é importante compreender e tolerar seu companheiro, pois as coisas nem sempre são da forma como gostaríamos que fosse e é preciso aceitar isso.
— Não existe isso de ser tudo como a gente gosta. Hoje ele pode fazer algo que eu não goste, mas amanhã já estamos numa boa, porque tem que aprender a conviver — explica.
Apesar de amar Caxias do Sul, Glaci conta que o casal pensa em retornar para a Bahia para ficar perto dos filhos.
— Ainda vou retornar, porque como já estou com mais de 70 anos, a vida segue. Se a gente precisar de socorro tem a família, os irmãos, mas são os filhos que precisam tomar conta de nós na velhice. Mas eu amo essa cidade e vou ficar mais um pouquinho — conta, rindo, Glaci.
— São 50 anos, mas parece que foi ontem que a gente se casou. Foi muito bom e continua sendo — finaliza Maurílio.