Das 12 áreas apresentadas pelo município de Caxias do Sul ao Ministério Público (MP) para receber o novo canil, quatro vão ser apresentadas à comunidade, em consulta pública. O número pode mudar, se um novo terreno surgir e estiver dentro dos critérios requeridos pela prefeitura para sediar o Parque de Proteção Animal. Entre as quatro, até o momento, ainda está a área na 2ª Légua,em Forqueta, que é considerada pelo poder público como uma das melhores para a construção do abrigo. A consulta será lançada na segunda quinzena de março, depois da Festa da Uva, para que um maior número de pessoas participem do processo.
Segundo o município, a forma da consulta atenderá os preceitos legais e terá ampla divulgação em todos os meios de comunicação. A prefeitura também fará este debate em conjunto com a Câmara de Vereadores. A consulta pública, será por meio online e também presencial. Ainda não foram divulgados os detalhes, mas a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) já se reuniu com a promotoria para tratar do assunto e encaminhar os trâmites para lançar a consulta.
— Onde está não tem mais como continuar. Não tem estrutura para abrigar os animais. Nós precisamos de um novo espaço e, por isso, depois da consulta pública vamos poder dar encaminhamento à questão — explica o diretor da Semma, Henrique Koch.
Enquanto isso, a Semma promove melhorias no canil atual, onde estão abrigados 506 cães e cinco gatos. A reportagem esteve no local na manhã de quarta-feira (26) para verificar o que tem sido feito para que os animais tenham mais qualidade de vida.
— Construímos quatro novas baia porque a ideia é que até junho não tenhamos mais nenhum animal em correntes. Sabemos que é paliativo, mas até que se defina o novo local temos que investir ali, não de forma massiva, porque não podemos construir uma estrutura permanente para destruir depois. As obras emergenciais tem que ser feitas para que eles fiquem bem alojados.
Hoje, dos 506 animais, 36 estão em casinhas nas correntes. Basta entrar no canil para perceber a diferença, já que logo na entrada ficavam inúmeras casinhas, com os cães amarrados em correntes curtas. A ideia é que todos saiam das correntes até a metade do ano.
— Os que estão presos estamos fazendo o vai e vem e estão em uma área com mais sombra. Vamos ampliar a cobertura dos canis também para que eles tenham uma área maior longe do sol — explica o coordenador do Departamento de Proteção Animal da Semma, o veterinário Paulo Vinícius Bastiani.
Ele ressalta ainda que o ideal é que os animais encontrem um lar:
— Eles precisam de uma casa, de uma família. Enquanto estão abrigados precisam de um local mais silencioso, para que não fiquem tão agitados. Estamos aqui e agora que se acostumaram com a presença de vocês eles estão calmos, então será assim em qualquer lugar, eles vão latir, é claro, mas se o local for mais tranquilo, eles também estarão mais tranquilos e com melhor qualidade de vida.
Polêmicas
O terreno na região de Forqueta, na 2ª Légua, foi alvo de diversas polêmicas no ano passado. Os moradores fizeram manifestações na comunidade, tratoraço, se reuniram em frente ao Centro Administrativo e entregaram um manifesto aos vereadores. Eles têm receio que o canil comprometa as nascentes, as plantações e até mesmo o potencial turístico das localidades.
Antes disso, em 2020, o Executivo desistiu da implantação do Centro de Bem-Estar Animal em Capela de São Francisco, na 6ª Légua, porque enfrentou resistência de moradores e por estar no período eleitoral. Em dezembro, pouco antes de finalizar o prazo estipulado pelo MP para que o município resolvesse a questão, um documento foi protocolado em resposta à solicitação.
Além de detalhar as ações conduzidas ao longo do ano passado, naquela ocasião, o município apresentou as 12 possíveis áreas prospectadas para instalação do Parque Animal. O número baixou para quatro. No documento constava o valor entre R$ 1,5 milhão e R$ 13 milhões. Também foram avaliados quesitos como grau de intervenção necessária, que inclui supressão de vegetação e áreas protegidas; localização em zona rural e distância da zona urbana e das vizinhanças. O anexo ainda indicava os pontos positivos e os negativos de cada terreno e expõe as alternativas consideradas mais adequadas ao projeto.
O parque
O projeto conta com um parque aberto para a visitação do público e irá sediar o Departamento de Proteção Animal e um centro clínico ambulatorial para cuidados com os animais. Também terá uma área de alojamentos e a parte de preservação ambiental, bem como um memorial, onde a comunidade pode colocar uma placa, que será padronizada por uma empresa que será licitada para o serviço.
Adote
"Que tal ter um novo melhor amigo?". Com esse slogan a prefeitura de Caxias do Sul lançou no ano passado uma nova campanha de adoção. Intitulada CÃOpanha Uma Nova Chance, a ação quer tocar o coração da comunidade e chamar a atenção para os cães que vivem no Canil Municipal. A maioria dos bichinhos nunca teve uma família e está há anos à espera de um lar.
Essa campanha conta com uma novidade, já que foi criado um Dogbook, que é um site onde as pessoas podem conhecer os cachorrinhos e escolher qual vão adotar. O site é canil.caxias.rs.gov.br. Nas fotos, os bichinhos que já foram adotados estão identificados. No site, os interessados encontram o link Adote, que leva para os contatos das ONGs parceiras, que estão intermediando a adoção. Todos os cachorros do canil são castrados, vacinados e microchipados.